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VÁRZEA: MEU BALAIO DE SIMPLICIDADE!


VÁRZEA: MEU BALAIO DE SIMPLICIDADE!
Autor: João Ludugero, 15/09/2009.

Os borregos pulam e saltam ao ar livre,
As cabras comem o verde capim,
Enquanto isso, um magote de meninos
brincam sua pelada ali na Vargem,
Contentes, a correr atrás da bola,
Desligados do resto do mundo.

Os bois pastam sem pressa, ruminam,
Enquanto anus brancos e pretos
Pousam distraídos, astutos,
a catar seus carrapatos.
O vento sopra além dos bueiros
E a brisa corre solenemente Calango a fora,
Por entre beldroegas, carrapichos
E flores de marmeleiros do brejo.

Roupas coloridas secam no varal ali na rua
da matança, digo do matadouro municipal,
Cheiro de limpeza e sabão invade a tarde amena
E a saudade que chega com o cair da tarde
Uiva em meu peito, embaça a vista e faz miragem,
Meu grito se corta no gume das facas
De descascar cana-caiana.

Uma garapa afaga a acidez da garganta
E, em apenas um trago, desato o nó do meu peito,
Mas somente sofro o ácido lume do que não vivi.
Minha pele, meu couro, tudo se estica
E se expande pela rua do curtume,
Onde estendi minha calma no varal
Sob o sol de radiante amarelo, a pino,
Onde eu encharco a minha alma no Vapor,
Na brisa que passa ao largo da estrada de chão
Que nos conduz ao sítio de Seu Zé Canindé.

O Aderbal já recolhe seus cavalos e bois ao curral.
Na padaria, José Tomaz de Lima pede a bênção ao seu pai,
Seu Plácido Nenê, que já prepara a entrega do pão de sal;
Os balaios de bolacha ainda estão quentinhos, regalias à parte,
E a calma da gente corre às quatro bocas, inquieta,
Como terra-a-dentro a ultrapassar becos, rostos,
Muros e casas caiadas de janela abertas,
A procura do quê?

Só para fazer a festa do crepúsculo, simplesmente,
Na hora sagrada do 'Angelus',
da fé santa, da Ave-Maria,
Sob a sentinela das duas palmeiras imperiais,
Cada dia, cada vez mais altaneiras
cada dia mais e mais verdejantes!
Há simplicidade em cada canto,
Em cada saída, em cada beco, em cada entrada
Há vida e o suor da labuta, há luta, de fato,
Há sossego abençoado neste berço, há paz.

E eu, feito menino varzeano,
vivo feito semente,
sou ávido grão a germinar
No solo fértil de São Pedro apóstolo,
Meu vale cheio de formosura,
Minha roça verde, meu milharal
Meu balaio cheio de feijão de corda,
Minha natureza viva banhada pelo rio Joca,
Minha Várzea, minha prometida terra
Que só me dá felicidade,
Minha Cidade da cultura!
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Beto Bello

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