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DE FARINHAS, AMORES E ALMAS PENADAS


DE FARINHAS, AMORES E ALMAS PENADAS
Autor: João Maria Ludugero.

As mulheres ralam a mandioca, a massa.
As crianças jogam bola na Vargem alagada;
Os bueiros escoam a água dos juncos,
Enquanto o açude do Calango sangra
De saudades, de saudades....

A moenda prensa a cana-caiana.
No alguidar, a massa está pronta.
Jorra o mel de engenho, coco ralado e goma
Mandioca-mole, rapadura, cravo e canela;
Na fornalha a farinha, o beiju e a tapioca
Tudo permeado de outros temperos,
Ruídos e aromas do tempo.

Na minha cabeça, o poema.
Há dias fazendo-o perfeito;
Eu aprendendo a tecer as palavras, no tear,
Sem me preocupar com a rima
Tampouco com o coração,
Cerne da matéria-prima, da obra,
Eu engendro, eu enredo um poema-ceia,
Eu vejo uma mesa farta de pão, milho e broa,
Meu poema não mata a fome do corpo,
Mas pode matar a sede do espírito... e ecoa!

Meu poema tem a fome fiada no oásis do peito
E prossegue pelo interior das almas penadas,
Diferenças à parte, meu poema tritura o ser triste
E retira o sorriso até da dor indisciplinada, contente
Finge que suporta andar, voar e sentir saudades,
Mas não entrega os pontos, não se prostra, não desanima,
Apenas se mostra a acreditar que viver vale a pena.

Sem medir esforços,
Eu escrevo, eu redijo, eu rabisco
Sem fazer economia de Amores, eu prossigo
Sem poupar o coração da minha gente varzeana!
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Adriano de Alexandria

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