
MINHA VÁRZEA DAS ACÁCIAS E O MEU ALARANJADO CORAÇÃO DA TARDE...
Autor: João Maria Ludugero.
Eu estava ali quando a tarde caiu
Eu estava lá na beira do açude.
Somente nós: o Calango e eu.
Mas não estávamos sós, força de expressão,
Pois havia ali muita coisa junta, uma vastidão
Num magote de lembranças, inquietação.
Serenou na minha Várzea das Acácias.
O céu ficou laranja
Antes que o breu da noite atingisse
O céu do apóstolo São Pedro,
Antes que o alaranjado tingisse a boca do poente,
Eu me peguei a contemplar o verde-musgo
Que estampou as águas do açude.
E assim meu coração
Ficou com gosto de crepúsculo.
E assim o sol se apagou no poente.
E desceu de uma vez o breu da noite.
Mas não se apagou o fogo aqui dentro,
E ainda ganhei de brinde uma lua de prata.
A chama desse amor prevaleceu, fora a fora,
Além de todo paredão da vida
Onde as histórias são tantas
E as lembranças muitas.
E estas não se escoam sangradouro abaixo,
Apenas se debulham no meu olhar
de menino varzeano.
Minha Vargem continua ali,
Onde há poeira nas coisas antigas,
Onde o capim e o junco insistem em renascer,
Menos nas emoções que vingam, que brotam
Além das quatro bocas, sedentas,
Essas, nem sempre são ervas-daninhas,
Famintas cravam seus dentes no tempo,
Além da ferrugem das catracas, se alastram
Nos desvãos da estrada a fora, ariscos.
Aperto o passo, prevaleço a arregaçar as mangas
Continuo pelas compridas lagoas do bem-querer
Estar ali, andando pelas trilhas, andarilho
Repirando ares puros e Vapor vital, de fato, me retiro.
Justo eu que ando costurando os trapos do meu coração,
Justo eu que sou especialista na arte dos remendos,
Justo eu que deixei a minha alma esticada na rua do curtume,
Bem ali no banco de Nina de madrinha Joaninha Mulato.
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