PEIXE NA REDE
PEIXE NA REDE
Autor: João Maria Ludugero.
Pode até alguém alegar
Que sou nostálgico demais,
Que mergulho em saudade
E lembranças da minha Várzea...
Mas não me canso
De reviver cada momento,
De recordar da minha velha infância,
Dos momentos eternos que ficarão
Pra sempre guardados
No escaninho das minhas memórias,
No relicário do meu peito.
Gosto de voltar ao rio Joca.
Nele me banhar, mergulhar;
Gosto de nadar no rio de Nozinho,
De refazer o caminho do Vapor de Zuquinha
De atravessar minha Várzea...
Várzea de tantos Pedros,
De tantos Zecas,
De tantos Zucas,
De tantos Jocas,
De tantos pescadores,
De sonhos acordados...
É gratificante por demais
Lembrar da pescaria no rio Joca,
De pescar no rio da Cruz,
De pescar nos rios da minha Várzea,
Rios que deram sustento a tantas famílias.
A gente pescava nos rios...
A gente pescava nos açudes do Maracujá,
Lá do Itapacurá e até no açude do Calango...
A gente pescava uma variedade
De peixes de água doce, diversos
Além de muçum, aratanha, pitu e camarão!
A gente enchia os samburás...
Dava gosto ver os samburás cheios,
A alegria enchia os olhos de Picica!
Os peixes a saltitar sob a luz do sol.
E a gente encontrava com maior freqüência:
Traíras, curimatãs, carás,
Além de jundiás e piabas.
Na nossa pescaria,
Os instrumentos mais utilizados
Eram: anzol, tarrafa e landuá.
Na pesca da piaba era comum o uso
De uma garrafa, com o fundo furado,
Na qual se utilizava farinha de mandioca como isca.
Naquele tempo, eu não sabia que havia solidão.
Agora, estou aqui a ruminar só, perdido na rede
Das minhas recordações de menino varzeano!
Sou peixe que eu mesmo fisguei,
Sou feito peixe na rede,
Estou cá, com meus anzóis, com as minhas ideias,
Em pleno cerrado no Planalto Central do país.
Sou advogado em Brasília, e me pego a escrever
Para ti, minha Várzea, minha cidade-natureza,
Que estais aí, que também nunca saíste de mim,
Bem do interior do meu peito.
Continuo sozinho, mas contigo
Em meu castelo de lembranças.
Só, eu e meus pequenos versos,
Eu e minha poesia simples,
Que fala das coisas da terra,
Que fala da tua boa gente;
Esperando chegar de novo o dia
Em que eu, pescador de sonhos,
Estarei nos teus braços,
Sentindo-me em casa, de novo a pescar,
Minha doce cidade da felicidade,
Minha Várzea amada!
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