VÁRZEA: TEMPO DE DESPERTAR...
VÁRZEA: TEMPO DE DESPERTAR...
Autor: João Maria Ludugero.
Na minha Várzea
Eu gosto de acordar com o sol...
Gosto de molhar meus pés
nas águas do rio Joca,
Sentir o Vapor vital da tarde amena
Gosto de observar as flores na beira
Do caminho, verdejante paisagem,
Um caminho lindo me acompanha.
Quero um retiro, mergulhar num sossego
Banhar-me junto com os pássaros d'água
Apreciar um caldo de cana-caiana,
Prensada ali na moenda do sítio de seu Olival,
Comer castanha assada ali mesmo debaixo do cajueiro
Encher uma bacia de manga madura,
Trepar na mangueira, colher o fruto no pé
Esquecer de palitar os dentes,
Chupar umbu, cajá e pitombas,
E de quebra, comer coco-catolé ralado na quenga
Com rapadura raspada, às colheradas!
Eu sei, minha Várzea, meu riacho do mel,
Que estais de braços abertos pra me receber.
Que um lugar maravilhoso me aguarda,
De coração aberto, de sol a sol,
Que a cada badalar do relógio
Da igreja de São Pedro apóstolo,
A cada despertar, a cada manhã, lá fora,
O sol se ergue exuberante, além das duas palmeiras,
Bronzeando a pele bonita da minha gente,
Dando mais vigor e energia a um magote
De meninos e meninas, travessos e traquinas,
Que correm soltos pela Vargem, junco a dentro,
Secando, cada folha molhada, afastando sombras
Em cada gota de orvalho, em cada sorriso
Que se mostra ainda mais contente, altivo,
Quando se observa na face da nossa gente
Que a felicidade existe e pode ser simples assim!
E ali, minha fantasia passeia, com encantamento
Numa entrega, de delicioso prazer, que atravessa
Cheiros, paladares e outros ares agrestes, de sobra,
E ali, minha poesia passeia, com orgulho e louvor
Desde o Maracujá até o aroma das flores silvestres
Que insistem em nascer na beira do caminho do Itapacurá...
E assim minha Várzea acorda, sacode a poeira, arrodeia,
Se deixa saborear...por mais um... amanhecer,
Por mais um novo tempo de despertar!
Eu me embriago, degusto uma boa cachaça, de graça,
Transformo-me inteiro, ao sabor do licor de jenipapo.
Seus perfumes suavizam os caminhos de Seixos,
Suas vertentes deixam renascer desejos incontidos.
Suas tranças me elevam, me embalam os momentos;
Sua cantiga inocente acaricia a alma, renova e me dá alento,
Faz bater mais forte, o relicário do meu peito.
Várzea me faz sonhar com o Amor,
De verdade que a brisa traz, de fato.
Amanhece.... e com esse cheiro de flor, tão natural,
Com essa essência da terra e, com esse Vapor tão vital,
De folhas molhadas, se espalhando pelos ares do Calango,
Minha alma é invadida, de súbito, a todo instante,
Por desejos que clamam por mais um amanhecer
E por um despertar...
Um despertar tão varzeano!
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