
MEU ANDARILHO CORAÇÃO VARZEANO
Autor: João Maria Ludugero.
Eu me chamo João,
Mas que fosse José ou Pedro,
Que diferença isso faria,
Se às vezes me pego troncho,
Pelo avesso, à torta e à direita,
Solto em pensamentos
Que seguem o rio cheio, raso
A alagar toda região ribeirinha
Desde a rua do arame
Até às quatro bocas, sedentas,
Em revoltas águas barrentas,
Que lava a minha alma andarilha,
Que branqueia a areia fina,
Além de lavar o rio da Cruz
Além de alargar as margens do rio Joca,
Que transborda pelas ruas e becos
Que fertiliza o solo da minha Várzea,
Seja trazendo o verde à roça, ao roçado
E vida à natureza agreste, ali tão presente,
Seja fazendo a minha poesia sangrar
Além dos paredões de açudes,
Acima de riachos de saudades em versos
Que escrevo ao vento, poemas diversos
Que nem mesmo o tempo vai levar, insisto!
Às vezes me pego a pensar em ti,
Fico assim meio triste, sorumbático,
Com a alma errante, mas rasante,
Nos acordes de uma saudade que me leva
Pra perto do teu olhar, menina varzeana,
E pareço naufragar nas águas do Calango.
Cambaleante, mas com os pés no chão, afoito
Agarro-me nas tuas tranças de menina-moça
E suspiro atônito, muito espantado, de fato,
E quase sem ação, pasmado, estupefacto,
Mergulho no calor dos teus abraços,
Ali mesmo próximo dos alpendres do Vapor,
Bendito Vapor vital que deixa a paisagem mais bela,
E faz tão bem à alma da minha gente!
Longe, assim léguas e léguas de ti,
Com as ideias confusas, atordoado,
Perturbado, tonto, permaneço em silêncio
A tecer meus versos simples,
Versos que abrem
um clarão no meio da densa mata,
Que gritam, que berram
Ao deleite de um olhar alado,
Que, em orações, tenta evocar a Deus amado,
Por intermédio do Chaveiro São Pedro Apóstolo,
Que me abra o portal do teu relicário,
Que veja-o todo não somente a parte,
E que me enverede por esses caminhos bonitos,
Que me renasçam em sóis mais amarelos,
Com dias ousados, amparados na utopia
De sonhos acordados, bem alicerçados
Em gestos e passos largos que sigo vivendo
A caminho do meu santuário,
A caminho da minha Várzea,
A caminho da prometida Felicidade,
Aquela que só existe na minha Várzea das Acácias!
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