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PERFUME DE MUÇAMBÊ

















autor: João Ludugero

pela estradinha de terra
ali ao lado da Vargem
passei sebo nas canelas
corri junto com os borregos
cheguei ao sítio de Zé Canindé
lá chupei cana-caiana
bebi água de cacimba
namorei com a paisagem
à sombra do juazeiro

sentei para descansar
e admirar a beleza
que se alastra em tons de verde
desde o chão de muçambês
que se expande em minha Várzea
que não se expira no olhar
que encanta o sabiá

meu cantar não é de dor
mas pode ser de saudade
saudade do meu lugar
uma vez que estou distante
léguas e léguas de lá,
mesmo assim, imagino
vejo flores em cada canto
e sinto o cheiro da terra
muito além das macambiras
onde correm os preás

viu meu bem,
o que lhe digo, de fato

o que mais quero lhe mostrar
como é bonita a natureza
que verte, que ganha vida
que muita vida nos dá
coisas simples
casas simples
gente simples
maior riqueza não há

Oh, minha Várzea,
quanta saudade eu carrego
que enche meus olhos d'água
asseguram que homem não chora
esse ditado eu bem nego,
pois já me debulho em lágrimas,
fico assim penduradinho
no desejo de te ver, sempre
de poder te espiar, de perto,
fico troncho é de vontade
de correr pr'o teu abraço
triste o coração lateja,
parece sair do peito,
e apronto uma cantiga
na roça dos teus sobejos
que margeia o rio Joca
nas cacimbas dos teus beijos

doce é pensar em ti,
vê-la de flor em flor Vapor afora
ter a flor e não a colher
resignado, deixá-la em seu lugar
a enfeitar o altar da minha sina
a perfumar a vida do meu lugar
minha Várzea das Acácias,
suplico, dê-me apenas
um bocadinho assim,
um pouquinho ainda que seja
conceda-me um gole d'água
pra amenizar minha sede,
seja na cuia ou cabaça,
pois a sede que me mata
é uma saudade d'ocê!
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João Maria Ludugero

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9 comments:

  1. Surpreendente poesia, aliás um show de texto poético que vale a pena ser lido relido mil vezes. Uma delícia de poesia, a nata de tudo que há de bom numa leitura. Olha, esse poeta me deixa embasbacada, com seus versos simples e que tantos nos cativa. É a expressão de amor mais bonita por Várzea! Este cara tem um coração de ouro, reluzente, dourado, que ilumina ricamente a nossa vida varzeana. Obrigado, Poeta!!!Parabéns! Adoro você e sua poesia nossa de cada dia! Abs,

    Ana

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  2. E dou vivas a Você, poeta
    E dou vivas a São João, ao padroeiro São Pedro, que proteja a todos nós!
    E te cubra de muitas bênçãos, hoje e sempre.
    Você nos passa muito orgulho de ser varzeano!
    Saiba disso. Nunca esqueça da gente, pois te amamos demais!
    Núbia

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  3. Esse poema é bonito demais!
    Já li várias vezes, ainda mais fico encantado como pode fazer assim uma descrição tão fiel a um lugar. Só amando uma terra a gente não desgruda dela, e o poeta João Ludugero comprova isso, ele ama muito sua cidade. Como não tirar o chapéu e louvar o trabalho poético desse cara? Ele é digno de todos os elogios, de verdade. Queria que ele soubesse de uma coisa: Você é muito querido do povo varzeano que te ama. E vai amá-lo para sempre. Valeu! Abraços,
    Adelson

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  4. Estou sem palavras para dizer da beleza do que acabei de ler. Esse poema é simples e maravilhoso!
    É isso...O mais é só ler o poema acima. Uma coisa linda!
    Saúde, Poeta Ludugero. Que sua vida continue assim, doce e repleta de perfume de muçambê!
    abraços,
    Wellignton

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  5. GRAAAANNNNNDDDEEEE POETTA VARZEANO!!!!
    TE ADORAMOS, TODOS OS DIAS, E ESSE AMOR VAI DURAR PRA SEMPRE. PORQUE SEU AMOR POR VÁRZEA É LINDO!
    ASSIM COMO SEUS POEMAS.
    ACEITE MEU FORTE ABRAÇO E DE TODA MINHA FAMÍLIA.

    MARIA DO SOCORRO -SP

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  6. Aplausos mil... porque vc escreve bonito demais, viu?
    aplausos a vc, hoje e sempre. Esse Blog fica mais perfumado com a sua poesia. Com certeza, você é muito iluminado e passa isso pra gente. Bjs.
    Cláudia

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  7. Este Blog está com TUDO!
    Sua poesia está cada vez melhor!!!
    Que perfume delicioso!
    Vale a pena ler e senti-lo!
    Abraço,
    Zezé

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  8. Eba, eba, eba...que POESIA!!!!
    Várzea merece uma coisa assim, perfeito.
    Belíssima poesia. Pura e simplesmente linda!
    Abs,
    Leninha

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  9. Caramba, que lindo!
    Vale a pena ler uma coisa assim, com cheiro do lugar da gente, com o aroma da natureza. Eu achei muito legal, principalmente, eu que conheço essa planta florida de perto. É gostoso isso virar poesia assim, de primeira, a partir das nossas próprias coisas, da natureza agreste da nossa Várzea. Valeu, achei fantástico e decidi aparecer aqui para fazer esse comentário. O poeta de Várzea escreve bem demais e sabe muito bem a língua da gente. Conhecor nato da sua cultura, do povo e da sua terra com cheiro de muçambê!
    Adorei. Abraço,
    Arnaldo

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