A RIQUEZA DE SER VARZEANO
autor: João Ludugero
criei-me entre ventos
ventanias,
rios, riachos de mel
campos e vapor
de tabuleiros,
entre arados de roçados
entre flores e pendões
entre açudes e calangos
por esse motivo,
acho que meu canto traz
sussuro de pássaros
de pintassilgos
de sabiás e bem-te-vis
de canários de chão
a minha poesia
traz as cores vibrantes
do esplendor da aurora
e a partitura adocicada
das frutas bicadas
pelos passarinhos
à sombra dos quintais
da minha pequena Várzea
enquanto o céu
da tua boca sazonal
guardar
o sabor esperado
dos cajus
das mangas dos ariscos,
da resina dos cajazeiros
do caldo de cana dos Marreiros,
desfio estes versos
que instauram paz
de alvoradas preenchidas
sob o clarão
aberto pela luz desse sol
que alumia o sítio dos Quilaras
que caminha por trilhas agrestes
e desce para o Umbu
claridade não há de nos faltar
nem mesmo no chafurdar
das enxadas
a preparar os leirões,
a epiderme da terra,
aonde germinam
adormecidas sementes
que brotam ávidas em espigas
em favas, em ramas
nas roças do rio Joca,
além dos candeeiros enferrujados
pelo mijo insone
de antigos vaga-lumes
do Vapor de seu Zuquinha
é isso que meu canto traz
boas-novas, alvíssaras,
desde ontem
porque
criei-me entre ventanias
bebendo água de cacimba
dos riachos das veredas,
percorrendo tabuleiros em flor,
como quem habita um paraíso,
num lugar que faz o coração
da gente querer muito mais ser
do que apenas ter ou possuir bens
porque o bem maior que a gente tem,
que é de cunho essencial,
mora lá, na vida simples
de quem lá mora, de fato,
e evidencia-se
sob o teto de cada casa caiada,
onde a razão de ser simples
está no provimento de bem-estar
bem no meio desse ambiente
que traz o suficiente
para nos encher o peito
e se orgulhar desse mundo
onde a riqueza maior é
poder dizer: - sou varzeano!
é não cruzar os braços à sorte
é arregaçar as mangas
é lançar o anzol e apanhar o peixe
é poder ser simples assim,
é ainda poder sonhar acordado
e concordar, no final das contas,
e acreditar, pensando bem,
no retinir do martelo,
que nós é que somos
ricos de verdade!
Existe riqueza maior que ler um poema assim? Pra mim isso é tudo. Lindo, lindo demais! Quem ousaria dizer que aqui não está escrita a beleza em palavras que tão bem reproduzem a riqueza de nascer nesta terra?
ResponderExcluirPoeta, poeta varzeano, obrigado, agradeço por vc existir e me sinto o varzeano mais orgulhoso do mundo, porque naci nesse abençoado torrão. Você é meu grande orgulho, encho o peito sim, para dizer que sou varzeano e conterrâneo desse poeta tão digno e que muito nos honra com seus textos pra lá de maravilhosos. Várzea vai longe com sua poesia, eu sei. Pois muitos amigos e amigas por onde vou, aonde viajo estão lendo este Blog VNT... E logo apontam sua poesia como cartão de visita de Várzea, como senha para conhecer a cidade e sua beleza. Obrigado pela poesia que muito nos faz pensar e amar essa cidade.
Sônia
MUITO BOM SEU POEMA!
ResponderExcluirMAGNÍFICO, LEGAL, PRA CIMA.
ALIÁS ESTE BLOG ESTÁ CADA VEZ MELHOR.
ADOARAMOS TUDO NELE.
ABS,
JOSÉ E SÔNIA.
OBS.: ESQUECI DE ASSINAR O COMENTÁRIO ANTERIOR.O QUE ORA FAÇO, COM PRAZER.
JOSÉ GALDINO
EU SOU A SÔNIA, GOSTO MUITO DESTE VNT. TUDO MESMO.
ResponderExcluirA POESIA ME FASCINA.
O JOSÉ PEDIU PRA EU COMENTAR O POEMA E ASSINEI POR ELE, MAS TÁ TUDO EM CASA. JÁ VOU INDICAR O SITE PRA VÁRIAS AMIGAS E AMIGOS LÁ DA FACULDADE.
AGORA VOU VIRAR FÃ DESSE BLOG
O MAIS LINDO POEMA PARA VÁRZEA. AMEI....
ResponderExcluirBEIJOS
NANCI