VÁRZEA, FÉ NA VIDA
Autor: João Maria Ludugero
Ainda boto fé
na sustância do pirão
de farinha de mandioca
e no dourado peixe seco
comprado na feira
de domingo, aos garajaus.
Ainda boto fé na roça
de feijão de corda, de arranca,
no plantio das manivas das macaxeiras
e no brotar da cana-caiana.
Ainda boto fé no limão
que dá o ponto no puxa-puxa.
Levo fé no encorpado café forte
torrado no tacho com rapadura;
levo fé no mingau de araruta e leite de cabra,
na coalhada com mel de abelha ou melado,
no debulhar do milho,
no manuseio da farinhada.
Levo santa fé no pé-do-moleque
que me leva a dar rasteira na tristeza,
que me ensina a jogar bonito
na capoeira da minha Várzea,
a fértil terra das ilustres professoras Dezilda,
Wilma Anacleto, Hernocite e Zilda Roriz de Oliveira.
Levo fé no landuá, na rede,
no samburá repleto de carás, de peixes;
na curimatã com a barriga cheia de ovas
nas tarrafas, na faca amolada
nas pedras do rio Joca,
eu lá com meus anzóis
fazendo da vida a arte do desafio.
Creio na paz do bodoque de goiabeira,
na minha forquilha em arco pronto
para arremessar seixos e
bolas de barro endurecidas
a formar espirais no espelho cintilante
da água verde-musgo do açude do Calango.
Ainda tenho esperança na fé concreta
enraizada na vida, gestada no dia-a-dia,
como um elo que comunica o homem a Deus.
Pois sem vida, a fé de nada vale.
E sem fé, a vida perde o seu sentido.
Então, me diga, sem ela como seria
o verde vale do Seu Tida?
Que trabalho fantástico, menino. Estarei acompanhando vc sempre no VNT.
ResponderExcluirBoa sorte, de coração! Abraços.
Emoção.Sentimentos.Vida.Amor. Várzea. Fazem mudar a cor. Fazem a gente criar asas. Encurtam distâncias (nem que seja a do pensamento). Talvez esse conjunto faça de você este belo Varzeano no qual boto fé. Lindo poema. Adorei.
ResponderExcluirabraços,
Cláudia