MEMÓRIAS DA NOSSA VÁRZEA:
A PROCISSÃO I
Autor: João Maria Ludugero
Eu subo apressado a rua grande
Eu desço muito espantado
E quase sem ação, aflito,
Pasmado, estupefacto
Com as idéias confusas,
Atordoado, perturbado, atônito
Eu atravesso a Brasiliano Coelho.
Eu vejo a imagem de São Pedro
No topo da igreja-matriz,
Sem reparar que o Santo está
De costas para a rua do arame.
Mesmo assim, ele olha por todos!
Eu sigo pelos becos
Eu chego à rua da pedra,
Ajoelho-me no Cruzeiro.
Depois, visito a barbearia do Arlindo,
Depois, visito a barbearia do Arlindo,
Eu me vejo forte e belo,
Não fraquejo diante do espelho.
Não fraquejo diante do espelho.
Eu comigo, de frente e verso,
Cara a cara, enfrento-me
Ante a indefinição da imagem,
Em face da dubiedade
Nele refletida. Cadê eu?
Num abrir e fechar de olhos,
Num curto espaço de tempo
Num átimo, torno-me velho,
De repente, no preciso instante
Dos fogos de artifício
Em dia de veneração
Chego ao fim da procissão
E acendo as luzes da da minha Várzea.
E assim lavo a alma, renovo-me
Sinto-me renovarzeado, de fato,
Como um garoto na flor da idade.



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