MEMÓRIAS DA NOSSA VÁRZEA:
O VELHO VAPOR
Autor: João Maria Ludugero
Num sopro forte e direto
O vento levanta o pó,
Sacode a poeira da ferrugem
E escreve no quadro-negro
Palavras que gizam a memória.
O tempo apagador
Não mais anula o escrito
Que eternizou as marcas
Do velho Vapor
As lembranças esbarram
No tempo, antes mesmo
Do ruido do pano da retina
Calar o perfume das horas,
Antes do fechar das cortinas,
Ainda mais que teus olhos
Espirram encarnados desejos,
Ainda mais que teus olhos
Espirram encarnados desejos,
Sempre que o sol entra teimoso
Pelos escombros
A desenhar teu corpo
Num passo que sobressai
Das sombras a desnudar o silêncio
Que percorre o velho Vapor
Molho os pés no rio Joca,
Não me afundo no vale
Onde ecoa o amor,
Na nossa Várzea em flor,
Porque apesar de aspirar o pó,
De levantar a poeira seca
Que entra pelas narinas,
Não fico prostrado no vazio
Do que ficou das ruínas
Do velho Vapor de Zuquinha,
Desde as penas de pavão
que enfeitavam o dia-dia
Ao labor da casa de farinha.
Muito lindo este poema! João Maria vc é demais!Abraços, Rosa
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