Autor: João Maria Ludugero
Meu ofício
É fugir do ócio
É fazer mais ponte
É fugir do ócio
É fazer mais ponte
Que não cerca
Cavar buraco,
Cavar buraco,
Aprumar estacas,
Esticar arame
Com pé de cabra,
Abrir portas,
Esticar arame
Com pé de cabra,
Abrir portas,
Acerca de novas esperanças,
Porteiras e cancelas.
Porteiras e cancelas.
Abrir janelas
Sob os cascos do tempo
Para o entra-e-sai da luz,
Esticar a alma no varal
No curtume, desfalecer
Na rua da matança,
Encharcar a carne
Sob o sol amarelo
Trazer o sal iodado
Para encarnar amores
Para encarnar amores
E lenços para secar o suor
E as lágrimas do teu rosto
Ao tirar meu coração da cruz.
E as lágrimas do teu rosto
Ao tirar meu coração da cruz.
Pregar grampo no mourão
Mergulhar fundo lá no Retiro,
Tanger meu gado a beber água
Lá no açude do Calango
Matar a sede da saudade.
Mergulhar fundo lá no Retiro,
Tanger meu gado a beber água
Lá no açude do Calango
Matar a sede da saudade.
Em troca peço muito pouco:
Quero apenas a sombra do cajueiro
Quero cercar-me de flor e colibris
Quero apenas a sombra do cajueiro
Quero cercar-me de flor e colibris
Quero um cajueiro em flor,
Flor-essência,
Quero maturi
Ou seja, o começo
Do caju ainda novo,
Ou, propriamente,
A castanha verde, grande e mole
Do caju antes do desenvolvimento
Do pedúnculo,
Antes da maturidade.
Flor-essência,
Quero maturi
Ou seja, o começo
Do caju ainda novo,
Ou, propriamente,
A castanha verde, grande e mole
Do caju antes do desenvolvimento
Do pedúnculo,
Antes da maturidade.
Quero colher e ser colhido
Manga madura no pé
Apanhar caju e castanha
De manhãzinha,
Basta me dar leite azedo,
Rapadura, feijão e farinha
E uma hora de rede na tarde amena
Deitado à sombra
Do meu pé de graviola.
Na verdade, peço muito pouco.
Preciso de nada mais não!
Dê-me coalhada todo dia,
Que eu cerco o mundo
Preciso de nada mais não!
Dê-me coalhada todo dia,
Que eu cerco o mundo
Num instante, ligeiro,
P'ra os bichos não se perderem
Lá da minha terra prometida
P'ra os bichos não se perderem
Lá da minha terra prometida
Da minha Várzea das Acácias!
Ó poeta lindo de viver! Que beleza tem você com sua poesia sensacional, aconchegante, que dá gosto de ler e saciar as inquietações da alma. Várzea está de parabéns com sua primorosa literatura. Adoro acordar cedinho e ir direto ao VNT ler sua poesia que nos faz sentir orgulho da nossa terrinha agreste, nossa Várzea amada! Um hiper beijo, Leila.
ResponderExcluirQue delícia de poema! Amei de paixão. Forte abraço ao poeta varzeano que tanto amamos.
ResponderExcluirAtt,
Rosa