VÁRZEA EM PÃO E POESIA
Autor: João Maria Ludugero
Ó, venha ligeiro, Nezinho,
Avexe-se, ora menino,
Que logo o sol vai se pôr
E alaranjar o Calango,
Vai mudar de cor o céu
Se derramar em beleza
Quase ficar encarnado
Assim feito um fogaréu!
Ó, venha depressa, Nezinho,
Traga logo esse fubá
A água já está fervendo
O milho cheira no ar,
Não se atrase no caminho
Passe sebo nas canelas,
Prepare a massa com carinho,
Pois dona Suli lhe espera
Com um alguidar de farofa,
Uma grelha de carne-de-sol
E um bolo de macaxeira!
E Seu Nezinho quando chega
Traz seu bornal de pujança,
Repleto de frutas lá do arisco,
Erva-doce e alecrim, mangaba,
Um balaio de manga,
Uma fileira de cajus e
Um punhado de esperança
Ó, Quincas, não se canse,
Corra lá na Padaria São Pedro,
Traga um quilo de farinha
Aproveite o ensejo
E deixe uma rosca na vizinha,
Não se esqueça do fermento,
Encomende uns sequilhos
E mande ver no polvilho,
A goma espalhe na urupema,
Vamos fazer tapioca,
Venha o coco ralar,
Aqui temos regalias
Pitéus, broa, brote, grudes
Bolachas e munguzá
Mas se faltar algum tempero,
Fale lá com a Terezinha Tomaz
Que ela vai preparar
Com afinco, com esmero
Essa filha de padeiro
Sabe cedo madrugar
Para o sonho acender
Ela sabe fazer pão
Com tamanha maestria
Não nega suas raízes
Eu, poeta varzeano,
Sigo com minhas lembranças,
Antes de raiar o dia,
Pelas barbas do apóstolo,
Eu con-verso com alegria,
Vou pegando essa vertente
E do pão faço poesia!
João, que lindo poema! Adorei. Você sempre nos surpreendendo com sua literatura fenomenal. Muito gratificante ler seus textos, é como revistar Várzea todos os dias. Parabéns! Vc é lindo demais! Várzea te amará para sempre! Abraços!
ResponderExcluir