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ENTRE TANTAS ASNEIRAS, MAIS VALE A IDEIA DE JERICO QUE NOS CARREGUE...













ENTRE TANTAS ASNEIRAS, MAIS VALE
A IDEIA DE JERICO QUE NOS CARREGUE...
Autor: João Maria Ludugero

Vrumm, vrumm, vrumm...!
Aciono a chave na ignição.
Relincha o cavalo-vapor: tran-van-vam!
Na baixa da égua, meu carro enguiçou
Bateu o pino, folgou os mancais,
A carroça empacou, bateu o motor.
Já cansei de bater biela, à torta e à direita,
Estou farto desse negócio de oficina fora de hora.
Dei um chega pra lá com a repimboca da parafuseta.
Decidi: troquei meu carro velho
Por um possante jegue.
Foi o que fiz, ao sair do atoleiro.
Selei meu burrico 'puro sangue',
Esqueci as asneiras da lida,
Das palavras secas e sem rédeas.
Não mais reclamo da sorte baldia.
Há tempos larguei mão das coisas vãs,
Dando novo sentido ao meu caminho.
Cumpro a sentença sem esporas.
Sei que o segredo está bem guardado comigo,
Sem mais apoquentar o cocuruto,
Sem queimar a pestana ao soar
Das horas pendentes de estribos.
Às celas apeando, vou acenando à poeira do que fica.
Prossigo, dando adeus à arreada moça da miragem
Abrindo cancelas, persisto no batente, apoiado
Num trotar de cascos incansável.
Não desisto, não entrego os pontos nem desespero,
Mesmo tendo que volver ao ponto de partida.
Sou passageiro, destemido monto na garupa
Do jerico, como quem cavalga seu domado mustang.
Arribo sem pressa pela estrada nua.
Desbravador disciplinado, dotado de sonhos 
De grande força e resistência, não me faço desdém
Nem duvido da própria coragem. Acredito, se preciso for,
E vou até à lua enfrentar o fogo do dragão,
Dando reforço a São Jorge. E ainda levo meu cachorro.
Sou aquele que não desiste e, já batendo o martelo,
Não quer mais ser um derrotado.
À galope, ora só cogito dizer à minha amada
Ao pé do ouvido, ao chegar nos seus braços,
Que a paz que preciso está toda ali, de sobra,
Onde sempre esteve, na vida simples
Da minha pacata Várzea das Acácias!
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João Maria Ludugero

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