Recent

Postagens mais visitadas

Navigation

ERA UMA VEZ UMA CACIMBA











ERA UMA VEZ  UMA CACIMBA
Autor: João Maria Ludugero

Na margem do rio eu fiz um buraco na areia
Cavei uns palmos e comecei a ver minha cara
Estampada nos olhos d'água.
Que bom seria se meu poço
Em sua pobrezinha virasse um açude.
Dei mão de uma cuia e esgotei
Um pouco das águas turvas vertentes.
Bati na cuia emborcada, para invocar,
Chamei a mãe-d'água, urgente,
Que num instante, por milagre,
Fez a mina virar cacimba.
A água brotou potável,
Apesar de salobro o rio.
De repente, atirei longe minha cuia
E a humilde cacimba, num assombro,
Como num passe de mágica, se transformou.
Aumentou o volume das águas
E virou uma lagoa comprida.
O manancial engoliu o efêmero rio,
De um dia pro outro, incessantemente.
Hoje, satisfeito percorro essas águas vivas
E até ponho em curso meu veleiro em flor.
No centro do lago, em agradecimento, sempre
Largo uma cuia a boiar com uma vela acesa
E um colorido colar de flores silvestres
Para Iara, que me oceanizou o coração.
Só sei que nunca mais esqueci de beber
Da boa água da lagoa do bom fim.
Eu não queria ser apenas uma cacimba.
Eu queria ser mais que rio, um braço de mar.
E deu no que deu. Não poderia ser diferente.
Nunca mais o elo do Amor se arretirou de mim.
Nunca mais fiz menoscabo do meu desejo,
Que tanta coisa cabe nele e ainda sobeja vida. 
Share
Banner

João Maria Ludugero

Post A Comment:

0 comments:

OS COMENTÁRIOS POSTADOS AQUI SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DO AUTOR DO COMENTÁRIO.

PARA FAZER COMENTÁRIOS NO VNT:

Respeitar o outro, não conter insultos, agressões, ofensas e baixarias, caso contrário não serão aceitos.

Não usar nomes de terceiros para emitir opiniões, o uso indevido configura crime de falsidade ideológica.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.