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MINHA AVÓ DALILA: AMOR PELA VÁRZEA

Autor: João Maria Ludugero

Dona Dalila, minha avó paterna,
Eis a mulher mais rica que conheci…
Criou meu pai e mais seis filhos dentro da Várzea,
 Onde nasceu, casou duas vezes e cuidava da terra.
Ela valia por duas ou mais, dessas mulheres
Que enfrentam a lida sem medo do bicho-papão.
Era mais fácil ela papar o bicho,
Pois nunca teve medo de assombração.
Empunhando seu terço azul de contas e,
Com sua reza forte e rosário, 
Ela tinha a força de Sansão, com fé
Botava cabresto até em lobisomem,
Se um lhe aparecesse pela frente a desafiá-la,
Oriundo dos caminhos dos espojadouros.
Coitado do lobisomem!
Ela não tinha medo disso, não.
Destemida, afiava o punhal nos dentes, se precisasse.
Minha avó tinha menos que um metro e sessenta,
Mas era de uma coragem sem tamanho.
Era dessas que nunca levam desaforo pra casa,
Partisse de quem fosse, não media esforços,
Quando se pensava em plantar o milho,
Ela já estava com o fubá pronto há muito tempo!
Passei minha infância a brincar em sua casa,
Feito um borrego solto no sítio, 
Debaixo das goiabeiras e dos pés de caju.
Admirava seu gosto de meter a mão na terra:
Ela gostava de cultivar algodão,
Feijão, milho e mandioca.
Nem precisava muito de dinheiro.
Ela tinha mais que isso: guardava sementes,
Trazia a mesa sempre farta.
Ela tinha um caso de amor com a terra,
Amor que nunca lhe deixou na mão
(Desconfio que foi daí 
Que aprendi a ter fome por terra.
Escavo daqui e dacolá, escrevinho 
E acabo lavrando Poesia).

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João Maria Ludugero

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