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SER VARZEANO É UMA RIQUEZA!


Autor: João Maria Ludugero

Várzea, minha Várzea das Acácias,
Como não ir a ti, se o interior me chama
Para o lado de lá do riacho do mel?
Deixe-me ficar ali bem quieto
Na rede de algodão armada na varanda,
A apreciar mais um pouco o pôr-de-sol 
Que se estende desde o alpendre
Até se perder de vista o horizonte. 
Com meu bodoque, com meu samburá
Com meu cavalo de pau,
Com minhas flores de mulungu, meus canapus,
Com minhas lembranças molhadas,
Com meus banhos de rio e coqueirais,
Com meu curral de gado de osso
Com minhas macambiras, meus cactos, 
Com meus saborosos gravatás
Com meus fojos, com meus preás
Quero correr sem fim na terra agreste
Espraiar-me pelas areias do rio Joca,
A céu limpo voar até o Vapor,
Abrir as asas feito pássaro bem alto pairar,
Purificado pelo azul que desce do céu ao chão.
Várzea, lugar que me enfeitiçou,
Já não resisto aos teus encantos,
Tua paisagem me reverdece e me dá paz
Até quando me chega aridez ao canto,
E aí te digo, de pronto, sem titubear,  
Como que a apaziguar a dor que me adentra o peito
Que me leva ao paredão do lado de lá
Do açude do Calango - 
Tomas meu landuá, meu anzol.
Tomas meu bodoque, meu samburá.
Será minha sorte, será meu penar?
Minha pequena Várzea, dona do tempo,
Se não me deixas ficar, então que me deixes passar.
Vou pra bem longe, pra outras searas distantes,
A cumprir meu destino, só pra meu penar ser menor,
Pois longe de ti, confesso, vou viver de saudades.
Vou purgar minhas penas,   
Vou chorar com vontade de ouvir o canto
Dos sabiás, dos pintassilgos 
E dos canários do teu chão.
Vou arder a palma do pé até rachar,
Até o sol rachar o chão do açude,
E evaporar meus olhos d'água,
Só por causa da seca que é não te achar,
Vou esticar minha alma lá no curtume
Até o dia de matar toda saudade,
Até o dia de te ver de novo, meu oásis,
Minha Várzea, meu lugar!
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João Maria Ludugero

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