Autor: João Maria Ludugero
Ainda não beira o anoitecer,
Mas já estais lá a rodar tuas alças
A mirar os passantes, de soslaio,
Corpo desnudo, de salto alto,
E a alma sem ti,
Entre o cetim encarnado
E o meio-fio da rua
De uma esquina de bar
Entre vitrines e o barulho dos carros
A derrapar na via de paralelepípedos
Só pra espreitar tuas perfumadas tetas
E lá estais a carregar teus fardos,
A rodar a bolsa no pulsar da sorte
E nem sabes mais que cor teriam teus sonhos,
Posto que varas madrugadas a dentro,
Sem mais notares que ainda há uma lua no céu
Quando submissa, triste e solitária
Retornas a ti, após tentares vender amor,
E recebes a paga, em troca,
Após teres sido possuída por um 'solidário'
Que teu rosto beija como a uma estátua
Abraça-te a nudez e simplesmente
Feito um cachorro no cio te lambe toda até o sapato,
De frente e verso, a fundo te ama, abusa,
Te faz de gata e o diabo a quatro por dois,
Te usa e lambuza, reclama do consolo
A te acusar de que poderias ser menos santa,
Depois vai embora sem olhar pra trás!
valeu cara,um belo poema à puta vida!
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