Ilustração: "Bolhas de sabão" de Edina Sikora. Autor: João Maria Ludugero
Estou assim, assim... bolha de sabão
sou tal qual algodão-doce flutuando... como dizer para ficar palpável, como se entretido vejo carneirinhos nas nuvens
e até a meia-lua inteira aparece mais cedo
pingente no céu da tarde amena
a me sorrir crescente? Homem feito, e tão criança,
vou enfiando os dedos nos doces e cremes lambendo a batedeira do bolo que acabou de ir ao forno. De cara suja, vou me derretendo na malemolência de puxa-puxas e me lambuzando nos grudes de amido, com a caramelada, voo alto me amando assim, consentindo-me a brincar, travesso vou longe aprumado em meus pés de moleque,
com ânimo pleno e descontraído, pois ainda sou eterno menino levado da breca atravessando meus sonhos acordados como numa guerra de travesseiros. Eu tenho um coração quente à toda prova, que não me leva a vida em banho-maria, que me faz sentir firmamento na lida, que me aquece até ficar derretido, malemolente, líquido, cheio da penumbra das palavras sisudas. Sei que o que me toca é a poesia, essa parte de mim que nunca é muda, que me inflama inteiro de contente, de súbito, que não me deixa morrer à mingua ou de véspera, sou feito aquela planta que reverdece após a poda. Sou casca espessa, e grossa que só vendo!, só pra me proteger das línguas de fogo e das flamejantes labaredas. |
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