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CUIA, por João Maria Ludugero


Na beira do açude,
eu encho cabaças e moringas,
Eu encho a cuia
sob teus olhos acordados
que me fitam potáveis
querendo me beber os sonhos
longamente, imperiosamente… na cuia.
de dentro dela o amor me espia.
Ao desemborcá-la,
retrato-me em tamanhas certezas
e, num átimo de tempo, capto
misterioso recado disposto
no seu espelho d'água
que não parece só fazer água...
é a cuia a me decifrar sinais
como que a gritar silenciosa,
o que teus olhos me falam de soslaio
feito alma que quer ser corpo, de fato,
de criação que anseia ser criatura
que anseia o dedo de Deus
a conter tua mão
que segura a minha cabeça de cuia
que contém a minha alegria
de momento a momento:
tal qual uma ave afoita, aflita
fazendo o pensamento viajar longe
ao tecer este poema assim fora da asa!
E o teu olhar líquido me convida ao mergulho,
porém entra-me na carne viva
um sentido nunca vazio, de certo,
de que teus dedos criam raízes na minha mão.
Teu olhar abre-se em abraços,
do íntimo, há braços alados a me apoiar
diante da forma inquieta de meu ser;
Tuas asas enlaçam-me toda a alma.
Teu olhar de lince me contempla inteiro...completo.
Logo revido, de dentro, em penetrações supremas
e sinto tanto prazer nesse consentimento,
que me vem à tona toda evidência
de que se vai abrir
todo meu corpo
em poemas:
daí nu vejo a céu aberto
nu me vou liberto,
no vão do céu azul,
quando me levas às nuvens!
Daí reviro a cuia
fazendo a chuva se derramar
cheia de céu
sobre as nossas cabeças!
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João Maria Ludugero

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