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MÃO-DE-PILÃO, por João Maria Ludugero


Bate, rebate, mão-de-pilão!
ânimo do braço e da lida,
utensílio rústico e potente, 
com humilde e valorosa força
quebras milho e mandioca
amassas grãos em farinha,
como chamar-te preguiça,
se, para nós,  fazes pão,
se entre uma leva e outra
vais esmurrando a canjica?
Mão-de-pilão a apisoar,
separas a palha do grão,
soca que socas
a triturar nó encruado, 
despolpar e repisar, amiúde, 
sem piedade nem dó,
a moer pedras de sal,
refinar cristais de açúcar mascavo,
fazer mistura, bolos e paçoca, 
polvilho de tapioca, beiju e grudes;    
laboras e gemes sua bronca 
não descansas sua sina,
com ânimo vais pilando sonhos 
aos acordes calejados, 
vais afastando os males
e curando as espinhelas caídas;
descascando incansável 
o que em nós curte o tempo
o que se esvai ou estanca,  
o que prossegue estocado 
transformado em pó, 
longe que vais, longe da cantiga
além do sol da manhã 
que se levanta a bater adiante
e chega manso, de repente,
entardecido na soleira da porta  
nessa toada mão-de-pilão 
que ecoa seca na alma e na carne, 
e fica a fazer tantã, titi-ti, tata-tá!
a tocar bem lá no cerne 
na massa da cabeça da gente.
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João Maria Ludugero

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