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ZANZANDO PELA VÁRZEA A DENTRO, por João Maria Ludugero



Minha gente é vivedeira
não tem hora de arrebentar o coco
de ralar o coco na quenga
pra comer com raspa de rapadura
de ralar a espiga
de milho zarolho
pra fazer cuscuz suado
e munguzá a borbulhar
na panela, até dá no teto.
Comemos bolo de macaxeira na feira,
bolo preto e babau de batata-doce,
enchemos o bucho dos moleques
que aos magotes dão no pé
da capoeira pela vargem afora,  
sem medo da cuca pegar
inquietos só de manjar,  
feitos tetéu que na relva arriba
dando rasantes a proteger seu ninho.
A gente vive a zanzar a tanger o vão 
e nada de alvoroço, de estripulia, 
de querer só vir ao mundo a passeio.
Mais vale a peleja pelos labirintos e paisagens
da lida, de calos nas mãos resistentes
a gente vai tocando o ganzar, e canta
embolando o coco, talhando alegria, e dança
dentro do dia-a-dia, arregaçando as mangas. 
desligamos a noite só pra acender as estrelas
em acordes de amor, pão e poesia.
Por um instante vai o recado,
a manhãzinha chega com a esperança
amanhã se achega sem se furtar ao sol do Calango.
Sem um pé de gente por perto, 
Ana Moita pede o cachimbo, acende e reza
a receber os santos sob a seiva de alfazema.
Já é domingo, a zanzar pela Várzea 
a gente revira a vida
a zanzar na feira
a zanzar nos becos
pelos paralelepípedos, 
a zanzar pela rua grande
E mais mais pelas quatro bocas
a zanzar pelo riachão 
até sentar para descansar 
nas areias do rio Joca.
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João Maria Ludugero

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