Me leva pelos ares da Várzea...
Quero sentir o cheiro do Itapacurá,
ter a graça de ouvir o som do mato quebrando
com o pé, adentrar no riacho do mel,
ver o capim crescer orvalhado da noite,
lambuzar a vida nas cores da terra,
contente de apanhar doces frutas bicadas
pelo sanhaço ou pelo afoito bem-te-vizinho.
Quero apreciar de pertinho o altivo juazeiro
que se mantém verdejante, tão bonito
de sentinela ao largo do Vapor,
e dentro dele ver o ninho de gravetos do anum,
chupar juá, jabuticabas e pitombas,
sem ter medo de engolir o caroço.
Quero ter a graça de esperança nova se achegando,
pois essa vida tem cara de ser breve demais.
Quero tomar banho de rio, colher jurubebas,
fazer garrafadas e lambedores
só pra morrer de velho, velhinho na lida,
sem muito alvoroço, sem perder a graça
e a fé nas minhas raízes plantadas ali.
Expirar de repente, feito um passarinho
feliz da vida que ali cultivei...
Me leva para Várzea!
Morrer, ainda é cedo pra isso.
Que venha mais tempo, tenho muito ainda a fazer
e a certeza da poesia que longe me levará...
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