Das janelas lá da Várzea
vejo a mata se vestindo de beleza
numa roupa verde-musgo de esperança nova.
Até a minha poesia inventa cantiga e prosa,
alegre é a trova que dela sai toda encantada.
Ligeiro arregaço as mangas, corro dentro,
pelejo, afio o fio das enxadas
que lá num canto já estavam empoeiradas.
Fico deveras contente,
não mais reclamo da sorte,
caiu a chuva na terra...
Isso muito me consola,
vou semeando minhas favas,
meus milhos, melancias e mandiocas.
Vou deitar minhas ramas de batata doce,
maxixes e jerimuns de pescoço,
sem me esquecer daquele feijão de corda.
Já arribei meus jiraus, minhas forquilhas e mourão,
já plantei minhas ramas e manivas.
Vou acreditar na lida, no desafio
que o destino impingiu...
sou açude do Calango a sangrar,
sou represa que ruiu lá pra's bandas do riachão,
sou um punhado de coisas felizes,
uma fazenda com gado a pastar,
e até uma velha lenda de mulher que chora
ou de um incerto carro encantado do Vapor,
um quase que mal-assombrado
depois que o casarão ruiu.
E assim, das janelas lá da Várzea,
vejo o sol entrar na roça,
vestindo de beleza minha campina,
numa roupa verde de esperança nova.
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