Pelo avesso,
Eu trago um pouco de nós
Desatados, sem cortes
Um pouco de tudo
Que somos
E do laço que perdemos
Pelos vãos dos dedos,
Pelos nãos dos medos,
Pelas mãos dos ledos,
Pelos sãos dos credos;
Pelos tantos arremedos
Pelas línguas estiradas
Dos dias de tédio,
Pelas bulas prescritas
Feitas de cabeça,
Pelos rótulos sem remédio
Pelos unguentos em placebos
Pelos pelos das ventas,
Pelas tranças no cabelo
Pelos poros, pelos suores
Pelos goles tragados a seco
Na esquálida esperança
Das garrafas vazias nos cantos.
Porque ainda tenho pés
De moleque medonho
Ainda não enferrujei as rotas
Nem as rótulas dos joelhos arteiros,
Ainda pretendo ir ao encontro do tempo,
Ainda tenho um braço destemido,
Ainda arregaço contente o mundo
As praças, as taças e os brinquedos.
Tenho cartas explícitas nas mangas,
Não careço de camisas-de-força
Nem quando tentado ir a Vênus.
Mas, se me dou ao uso de coletes à prova de balas,
Prefiro os de hortelã ou de anis-estrelado.
Eu sou arauto de palavras benditas
Que desopilam corações partidos.
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