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CORAÇÃO PASSARINHEIRO, por João Maria Ludugero

Meu coração não tem medida certa
É bem maior que meu punho fechado. 
Ele sente mais do que pesa... 
E cresce em meu peito 
Querendo sair pela boca 
Como se estivesse doido pra ganhar o mundo 
Como se fosse imortal, num voo rasante, 
Mesmo em se falando de fim do mundo... 
Ele prevale arteiro, medonho que só vendo, 
Ele sorri do tempo e ainda desenferruja suas catracas 
Prestes a mover as pétalas da rosa-dos-ventos. 
Meu coração sangra no peito feito um açude 
Cheio dando vazão aos olhos d'água dos rios, 
Riachando-se afluente a transbordar sobre todas as coisas, 
Sobre o bater incansável dos cascos das horas 
E sobre a voracidade franca dos meus dentes. 
Meu peito é feito um nicho sagrado 
Assim sem portas, janelas ou trancas 
Apropriado a libertar pássaros 
Que não se prendem no meu coração, 
Que é maior que um punho fechado. 
Um punho, um murro, um correr dentro 
Do tempo que não acusa o golpe que desfiro no ar. 
Ele ainda me faz sonhar acordado, 
Ainda me alerta a enfrentar pesadelos, 
Mantendo os olhos fechados 
Só um bocadinho para descansar 
E esperar o tédio passar ao alvorecer 
Da minha Várzea das Acácias, 
Com seus sons suaves vindo dos ariscos 
Como um riacho canoro do agreste verde. 
Meu coração é mesmo assim tão-tão grande 
Que não tem cabimento numa só mão 
Fechada. Seria necessário um punhado de mãos 
E ainda assim ele escaparia, 
Por ser tão levado da breca 
E não se deixar apanhar 
Pelo laço do passarinheiro.
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João Maria Ludugero

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