Moradores de Pilões relatam dificuldades para conseguir água potável na seca (Foto: Anderson Barbosa/G1) |
A agricultora Oldaleia Eleci de Aquino, de 34 anos, saiu de casa às 3h30 na última terça-feira (26), pegou um carrinho de mão e foi até a cisterna pública mais próxima da casa dela, abastecida de água por caminhões-pipa. Por volta do meio-dia, Oldaleia, o marido e o sogro ainda esperavam na fila pela vez de encher seus latões, voltar para casa, colocar a água em reservatórios e, no dia seguinte, fazer tudo novamente. Segundo Oldaleia, essa rotina se repete diariamente há mais de um ano. Ela mora em Pilões, uma das nove cidades do Rio Grande do Norte que enfrentam colapso no abastecimento de água.
O estado enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos, com estiagem que já dura mais de um ano em diversos municípios, segundo avaliação do governo local. A falta de água mudou a rotina de milhares de famílias carentes do sertão, que são obrigadas a gastar boa parte do dinheiro que recebem de programas sociais para poder beber, cozinhar e tomar banho.
Dona Oldaleia afirma que atravessa a pior fase da vida. "A vida no sertão é sofrida, mas a seca que começou no ano passado e segue até hoje é a pior que já vi. Perdi todo o milho e o feijão que plantei. Meu marido está desempregado e não encontra serviço na cidade. Todo o dinheiro que entra em casa é do Bolsa Família", disse.
No dia anterior, dona Oldaleia não tinha enfrentado a fila da água. Isso porque, na segunda-feira (25), a cidade de Pilões, distante 420 quilômetros de Natal, não foi abastecida pelos caminhões-pipa.
"Logo cedinho, todos ficamos sabendo que o pneu do carro havia estourado e que ele seria levado para uma oficina. Como só tinha pegado água na sexta-feira passada, uma vez que não há abastecimento nos fins de semana, fiquei sem água em casa. O mesmo aconteceu com as outras pessoas. Agora temos que enfrentar filas enormes para poder levar água", disse.
Parte do pouco dinheiro de dona Oldaleia é destinada para comprar água de beber. "Essa água da cisterna pública vem do açude de Marcelino Vieira. A que bebemos, compramos de um rapaz que traz de Apodi. Acaba ficando pesado comprar água para quem ganha pouco e não tem condições de plantar e colher nada com essa seca. O que nos resta é esperar pela chuva e que o açude da cidade volte a encher", espera.
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