Governadores do Nordeste apresentaram reivindicações ao governo federal (Foto: Elias Medeiros/G1) |
Os governadores do Nordeste cobraram a liberação de recursos para a região por parte do governo federal durante uma reunião realizada nesta sexta-feira (8), em Natal. Após ouvirem palestras dos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, os gestores nordestinos apresentaram reivindicações dos estados. Participaram os governadores do Rio Grande do Norte, Robinson Faria; da Paraíba, Ricardo Coutinho; da Bahia, Rui Costa; do Ceará, Camilo Santana; de Sergipe, Jackson Barreto; de Alagoas, Renan Filho; de Pernambuco, Paulo Câmara; do Piauí, Wellington Dias; e o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão.
O encontro resultou em um documento denominado "Carta de Natal" que é uma agenda de desenvolvimento nacional e regional. O documento traz entendimentos entre governo federal e estados em temas como ajuste fiscal, ações de combate aos efeitos da seca, dívidas dos estados e investimentos na saúde.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), defendeu a união dos estados do Nordeste por um pacto pela educação. "Precisamos buscar uma verdadeira transformação da região pela transformação da educação pública. E é importante a compreensão da importância dessa união dos estados do Nordeste buscando atuar de forma unificada junto ao governo federal", disse.
Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco, ressaltou a crise que os gestores vêm enfrentando e falou da necessidade de criação de um plano de estado. "As desigualdades persistem há muito tempo, estamos sempre buscando a diminuição da pobreza, da desigualdade social, a melhoria dos serviços públicos. Essa safra de governadores está enfrentando uma grande crise, passamos por momentos difíceis nos últimos anos, mas sempre havia uma direção a seguir e esse ano estamos começando sem uma direção, sem clareza do que vai acontecer, se já chegamos a um ponto crucial, se ainda vai piorar. Precisamos ter um plano de estado e não apenas um plano de governo, um plano que olhe o Nordeste não nos próximos 4 anos, mas nos próximos 20. E para isso educação é fundamental. Pernambuco investe em escolas de tempo integral e isso tem mostrado bons resultados. Estamos trabalhando para que as filhas do bolsa família de hoje não se transformem em mães do bolsa família de amanhã", disse.
A crise hídrica enfrentada por todos os estados da região foi citada pelo governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), que cobrou a liberação de recursos emergenciais para projetos de enfrentamento à seca. "a Paraíba tem 28 municípios com racionamento grave, a crise é tão grande que a companhia de abastecimento começa a ter sua viabilidade questionada. Algumas coisas não podem esperar como atendimento do carro pipa, poço artesiano e de adutora. Precisamos da liberação dos recursos para essas medidas. Ninguém consegue viver sem água e a tendência é piorar", afirmou.
Renan Filho (PMDB), chefe do Executivo estadual de Alagoas, também colocou a seca como um dos principais problemas da região. "Não estamos falando da seca de inclusão produtiva, é a seca da água de beber. Precisamos de coisas básicas para desenvolvermos obras mais baratas que levem condições de produção a uma maior número de pessoas", afirmou.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), também ressaltou os problemas causados pela estiagem. "Temos a necessidade urgente de novos financiamentos que foram suspensos para o estado para que a gente possa dar continuidade aos investimentos em infraestrutura. São quatro anos consecutivos com chuvas abaixo da média que deixa nossos reservatórios com capacidade insuficiente de abastecer centros urbanos. É urgente a liberação de investimentos para o enfrentamento aos problemas hídricos".
Jackson Barreto (PMDB), governador de Sergipe, citou a necessidade de avnçar na área da educação e falou do que tem sido feito no estado neste sentido. "Nós encaminhamos um projeto de lei premiando o município que melhorar o Ideb , a escola que melhorar o Ideb, o professor que melhorar o trabalho, o aluno que se dedicar no sentido de melhorar a educação do nosso país. A educação é o caminho para o desenvolvimento do nosso Nordeste. Não abrimos mãos das conquistas do nosso Nordeste a partir do presidente Lula e da presidente Dilma, não podemos dar passos de caranguejo, precisamos avançar com benefícios fiscais e operações de crédito, que são fundamentais para que nosso estado tenha condições de atender as demandas".
A importância do crescimento do Nordeste para o país foi tratada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT). "Se a gente tira o crescimento do Nordeste dos últimos anos, o crescimento do Brasil é quase nulo, nosso crescimento é acima da média nacional e com isso puxamos a média para cima. Quantas regiões podem ampliar ainda a produção de minérios tanto quanto o Nordeste? Quantas regiões têm o potencial de ampliar a produção de energia como o Nordeste? Que lugares podem crescer na área de gás e petróleo? Que lugares no Brasil podem crescer tanto na área do turismo? O crescimento do Brasil passa pelo Nordeste", afirmou.
O único governador que não compareceu ao encontro foi Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão. Ele foi representado pelo vice, Carlos Brandão (PSDB). Ele falou sobre a importância de discutir o pacto federativo para rever a distribuição dos recursos entre governos federais e estaduais. "Nós, os estados, que estamos na ponta, recebemos muito pouco. Temos o ônus e não recebemos o bônus. Isso precisa ser discutido", afirmou.
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