PGR envia pedidos de inquérito contra Aécio e outros políticos
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG) - Foto: Renato Costa - 15.mar.2016/Folhapress |
A PGR (Procuradoria Geral da República) enviou ao STF (Supremo Tribunal
Federal) um pacote de pedidos de aberturas de inquéritos com base na
delação do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), dentre eles duas
investigações contra o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves
(MG), e outra que atinge a cúpula do PMDB no Senado.
Caso o ministro Teori Zavascki determine a abertura dos inquéritos,
Aécio passará a ser oficialmente investigado em desdobramento da
Operação Lava Jato. São duas linhas de apuração contra o senador: uma, a
suspeita do recebimento de propina de Furnas, e outra, a acusação de
que maquiou dados do Banco Rural para esconder o mensalão do PSDB.
Também estão na lista o ministro da Secretaria de Comunicação Social,
Edinho Silva, ex-tesoureiro da campanha presidencial de Dilma Rousseff, e
o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ambos já são
investigados atualmente –Edinho é alvo de um inquérito com base na
delação de Ricardo Pessoa, enquanto Cunha responde a cinco procedimentos
(duas denúncias e três inquéritos ).
Caso o ministro Teori Zavascki aceite a abertura dos novos inquéritos, será o segundo contra Edinho e o sexto contra Cunha.
No caso do Banco Rural, também deve ser investigado o deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP), próximo a Aécio e que, segundo Delcídio, sabia que os
dados estavam sendo maquiados.
Na época da divulgação de delação de Delcídio, Aécio classificou de "falsas" e "mentirosas" as acusações.
Outra investigação solicitada pelo procurador-geral da República Rodrigo
Janot é contra os senadores do PMDB Romero Jucá (RR), Jader Barbalho
(PA), Valdir Raupp (RO) e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado,
sob suspeita do recebimento de propina das obras da hidrelétrica de Belo
Monte.
Neste caso, a PGR pediu que os fatos relativos a Belo Monte sejam
distribuídos nos inquéritos já existentes contra esses senadores, sem a
abertura de um procedimento específico sobre o caso.
Em sua delação, Delcídio afirmou que houve pagamento de ao menos R$ 30
milhões de propina pela construção de Belo Monte, "pagos ao PT e ao
PMDB", e citou esses senadores que devem ser investigados por Janot.
Uma quarta investigação mira o ministro do TCU (Tribunal de Contas da
União) Vital do Rêgo e o deputado Marco Maia (PT-RS) pela participação
na CPI Mista da Petrobras realizada em 2014. Eles foram acusados de
participar de um esquema para achacar empresas investigadas pela CPI em
troca de recursos para a campanha. Vital era o presidente da comissão e,
Maia, o relator.
Delcídio afirmou ainda aos investigadores em sua delação que o então
senador Vital do Rêgo (PMDB), atual ministro do TCU, e os deputados
Marco Maia e Fernando Francischini (SD-PR) cobravam "pedágios" para não
convocar e evitar investigações sobre os empresários Leo Pinheiro, Julio
Camargo e Ricardo Pessoa, que são alvos na Lava Jato. Segundo Delcídio,
a CPMI de 2014 obrigava os três empresários a jantar todas as
segundas-feiras em Brasília para negociar o pagamento de propina.
Apesar de citado por Delcídio, Janot entendeu que não havia indícios
contra Francischini e determinou o arquivamento em relação a ele.
Segundo o procurador-geral, o empresário Julio Camargo declarou não ter
conhecimento do envolvimento de Fernando Francischini nos delitos.
"Prevalece a máxima de que a mera referência a terceiros em conversa
alheia desacompanhada de outros elementos de convicção e em aparente
conflito com a versão dos colaboradores mencionados não autorizam a
realização de investigação", escreveu Janot.
OUTRO LADO
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu o pedido
de abertura de inquérito contra ele enviado nesta segunda pelo
Ministério Público ao STF (Supremo Tribunal Federal) e disse ter
"convicção de que as investigações deixarão clara a falsidade das
citações feitas".
Em nota, Marco Maia afirmou que "a investigação irá mostrar que sou
vítima de uma mentira deslavada e descabida com o único intuito de
desgastar a minha imagem e a do Partido dos Trabalhadores". Informou
que, na CPMI, pediu o indiciamento dos empresários e que não recebeu
doação de empresa que estivesse sendo investigada pela comissão.
A assessoria de Valdir Raupp informou que o senador não fez nenhuma
indicação para o setor elétrico e que considera a delação de Delcídio do
Amaral inverídica.
O senador Jader Barbalho afirmou, por meio de sua assessoria, que a
delação de Delcídio não faz referência a recebimento de propina por
parte do parlamentar e que trata apenas de sua suposta influência na
estatal. Segundo a assessoria, Jader "desafia" a provar quem quer que
seja que recebeu propina
Em nota, o ministro do TCU Vital do Rêgo informou que "reitera o repúdio
às ilações associadas a seu nome na referida delação premiada,
desprovidas de qualquer verossimilhança" e que "está à disposição das
instituições para qualquer esclarecimento.
A assessoria de Renan afirmou que as declarações de Delcídio "não passam
de delírio" e que o senador está à disposição para esclarecimentos.
O senador Romero Jucá afirmou, por meio de sua assessoria, que não
nomeou ninguém para cargos na Eletronorte e que não autorizou ninguém,
em seu nome, a tratar de qualquer assunto. Informou que está à
disposição para esclarecimentos.
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