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Doença da falta de insulina no corpo, a diabetes ainda assusta, no RN gerou 857 hospitalizações

No VNT do Novo Jornal - 20/11/2016
No Rio Grande do Norte, somente no ano passado, o diabetes gerou 857 hospitalizações por complicações do estado de saúde, de acordo com dados do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), do Ministério da Saúde. De 2010 até 2015 foram 8.293 internações em decorrência da enfermidade. As ocorrências, segundo o SIAB, referem-se ao número de indivíduos hospitalizados por consequência dos problemas causados pela doença, como a chamada gangrena – um tipo de morte do tecido que ocorre devido à perda de fluxo sanguíneo. 

O Diabetes mellitus – nome técnico da enfermidade – é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar da maneira correta a insulina – hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue.

Se não tratada, a doença pode causar insuficiência renal, amputação de membros ou doenças cardiovasculares, como AVC (derrame) e infarto. Não é incomum internações quando a doença já está em estado avançado, aponta o cirurgião vascular Edison Barreto.

Ela também pode até causar cegueira, como no caso do eletricista  Eusak da Silva. Hoje com 37 anos de idade, Eusak sabe que tem diabetes desde os 20, após a realização de um exame de sangue. Desde então, o estilo vida do eletricista mudou. Ele precisou praticar atividades físicas com mais frequência e sua alimentação se adaptou à doença, que segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes atinge 13 milhões de brasileiros – o que corresponde a quase 7% da população adulta.

Há cinco meses Eusak começou a perder a visão. “A minha vida mudou muito desde a descoberta, tive de mudar muita coisa. Tenho que controlar muito os doces, bebidas e comidas ‘carregadas’. Perdi muito peso e quase perdi a visão. Até comecei o tratamento, mas tive de interromper agora”, relatou.

Ele corre o risco de perder as córneas. Portador do Diabetes mellitus tipo 1,  que resulta da produção de quantidade insuficiente de insulina pelo pâncreas, o eletricista precisou parar o tratamento oftalmológico porque teve outra complicação devido à doença. Quando ele falou com a reportagem estava internado no terceiro andar do Hospital Walfredo Gurgel, em Natal.

Há cerca de um mês uma pequena ferida que surgiu na parte de baixo do pé esquerdo infeccionou. O problema se agravou e desde então Eusak passou por três cirurgias e duas raspagens no local, a última realizada na última terça-feira. Com o pé enfaixado, ele ainda não sabia quando receberia alta.
Regularmente o curativo precisa ser trocado porque a sola do seu pé está “só a carne viva”, como ele mesmo relatou. Mesmo com toda sua saga devido à doença, Eusak diz não temer a diabetes e seus efeitos. “Não tenho medo, dá para controlar a doença”, disse, com otimismo.

A data

Comemorado em 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes foi criado em 1991 pela Federação Internacional do Diabetes em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em resposta às preocupações sobre os crescentes números de diagnóstico no mundo. A data tornou-se oficial pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2007. O dia 14 de novembro foi escolhido por marcar o aniversário de Frederick Banting que, junto com Charles Best, concebeu a ideia que levou à descoberta da insulina em 1921.

Amputações: uma consequência  

Com problemas no seu pé esquerdo, o eletricista potiguar Eusak da Silva não chegou ao ponto de amputar o membro, procedimento que faz parte de um dos tratamentos mais extremos na diabetes, realizado quando o quadro do paciente já está avançado. Mas, de acordo com o cirurgião vascular Edison Barreto, a cirurgia vem se tornado cada vez mais comum no estado.

Somente no último mês de agosto, os hospitais estaduais Doutor Ruy Pereira dos Santos e Walfredo Gurgel, referências no estado no procedimento, fizeram 85 amputações. Foram 57 no primeiro e 28 no segundo. Somente o Ruy Pereira fez 126 procedimentos em membros inferiores – pés e pernas – entre amputações e debridamentos – remoção do tecido morto presente na ferida. O médico diz que essa tem sido basicamente a média mensal na rede estadual, um número bem acima do que deveria ocorrer.

Ele destaca que é um alto índice. “Nosso estado não tem um local que faça o atendimento básico para esses pacientes. Só se procura o hospital quando se já existe alguma lesão, encaminhado por algum médico vascular quando há uma gangrena. E muitas vezes o diagnóstico é feito no exame. Com isso, o doente já chega com uma necrose, o dedo com coloração preta ou uma infecção, por isso o alto índice de amputações”, comentou Barreto.

Segundo o profissional, isso se deve principalmente pela deficiência na atenção básica, de responsabilidade dos municípios. Por falta de diagnóstico precoce, que poderia ser feito pelos agentes de saúde por meio de um exame de identificação de sensibilidade no “pé diabético”. Prevenir é mais barato do que fazer a cirurgia de amputação, define Barreto.

“Como faz a prevenção? Já que temos o programa de saúde da família, é preciso identificar os pacientes diabéticos. Diagnosticando, é só tratar e identificar qual é o pé de risco, aquele pé que devido ao diabetes vai ficando sem sensibilidade”, explicou o médico. “Se tivéssemos uma assistência básica, um cirurgião vascular ou nefrologista ou endocrinologista nos postos de saúde, os pacientes iriam para lá e seria diagnosticado com mais facilidade”, acrescenta.

Na rede estadual, também falta material para exames que evitariam amputações. No Hospital Ruy Pereira até há um equipamento para fazer um tratamento chamado arteroscopia e tem médico, mas falta dinheiro. 

Diagnóstico tardio é um problema

O Dia Mundial do Diabetes foi na última segunda-feira (14) e no decorrer de toda a semana o país contou com eventos em alusão ao combate à doença. Contudo, a Federação Internacional do Diabetes faz um alerta: um em cada dois adultos com a doença não está diagnosticado e, portanto, não tem ciência de sua condição e não toma os devidos cuidados. Dados da entidade mostram que a doença segue crescendo em todo o mundo: ao todo, 415 milhões de adultos viviam com diabetes em 2015.
A previsão é de que esse número chegue a 642 milhões em 2040 – uma proporção de um adulto diabético para cada dez adultos no planeta. “Muitas pessoas vivem com diabetes tipo 2 por muito tempo sem que tenham ciência de sua condição. Quando recebem o diagnóstico, as complicações provocadas pela doença podem já estar presentes”, destaca a federação.

Além disso, até 70% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser prevenidos por meio da adoção de hábitos mais saudáveis. A quantia deve representar cerca de 160 milhões de pacientes até 2040. Em diversas localidades do mundo, o diabetes figura como a principal causa de cegueira, doenças cardiovasculares, falência renal e amputação de membros inferiores.

Até pouco menos de duas semanas atrás, o autônomo Evaldo Guilherme, 44, não sabia que era diabético. Ele só descobriu após fazer um teste de glicemia. O homem foi parar no Hospital Walfredo Gurgel após três meses com problemas em um pequeno ferimento que adquiriu no calcanhar esquerdo. “Nunca percebi nada, que tinha [diabetes]. Começou com um ferimento pequeno no pé. Durante três meses fui tomando remédios e eu achava que iria sarar, mas foi piorando. Então decidi procurar um médico”, lembra.

Ele se recuperava de um procedimento cirúrgico. Não havia amputado o pé, mas parte da carne “estragada” entre o calcanhar e a lateral do membro foi retirada na tentativa dos médicos brecarem o avanço da infecção causada pela diabetes.

Sintomas

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o desencadeamento do diabetes tipo 1 é geralmente repentino e dramático e pode incluir sintomas como. 

- Sede excessiva
- Rápida perda de peso
- Fome exagerada
- Cansaço inexplicável
- Muita vontade de urinar
- Má cicatrização
- Visão embaçada
- Falta de interesse e de concentração
- Vômitos e dores estomacais, frequentemente diagnosticados como gripe
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