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Caueh, potiguar de 12 anos, vai ser jogador do Cruzeiro de Minas

No VNT do NovoJornal - 20/11/2016
“Alô, professor Marcos Pintado? O senhor lembra do Nonato, lateral-esquerdo? Lembra do Sandro, ex-ABC? Você tá lembrado mais recentemente de Wallyson? Agora nós temos o ‘Caueh’ do Rio Grande do Norte também”. A ligação foi feita pelo professor de geografia Carlos Alex para o treinador Marcos Pintado, do clube da Cosern, ainda nas estruturas da Toca da Raposa, em Belo Horizonte, para contar que o filho, Caueh Alex, de 12 anos, passou nos testes do Cruzeiro no mês passado e fará parte das categorias de base do clube a partir de 2017.  Para isso, remeteu aos craques potiguares que vestiram com sucesso a camisa celeste em tempos recentes. 

Foi, ao todo, cerca de um ano e meio de monitoramento do clube mineiro com o jovem atleta potiguar. Volante, Caueh chamou a atenção de um olheiro da Raposa que estava em Natal em outubro de 2015 em um treino a convite do seu agora ex-treinador Marcos Pintado. 

No mês seguinte, ele partiu para Belo Horizonte e foi aprovado no primeiro teste. Como tinha, na época, apenas 11 anos, não poderia permanecer nos alojamentos do clube na capital mineira. Por isso, seguiu treinando em Natal, mas precisaria retornar pelo menos duas vezes por ano para BH para passar uma semana sendo acompanhado de perto pelo técnico Leonardo, da base do clube.

Cerca de 5 mil atletas foram monitorados neste período. De total, 24 deles, apenas, ficaram para compor o grupo cruzeirense. Caueh está entre eles. O volante, inclusive, chegou a receber convite do Santos  neste período, mas, como já estava sendo monitorado pelo Cruzeiro, recusou a possibilidade.

A partir de 2017, a vida do jovem potiguar será em Belo Horizonte. E não só a dele. Caueh só pode ficar no alojamento do clube a partir dos 14 anos de idade. Por isso, seus pais irão junto com ele para a capital mineira. “Estamos dando um ‘bico em tudo aqui’, no bom sentido, pra acompanhar ele”, explica o pai Carlos Alex.

A família já é bem estabilizada na capital potiguar, mas, para manter o sonho do filho vivo, vale a mudança. Pai, mãe, irmão: a intenção é que todos cheguem em Belo Horizonte no próximo ano. “A ideia, a princípio, é que a mãe dele, Vanessa, vá primeiro junto, porque ela tem uma situação mais confortável quanto ao trabalho. Assim, eu seguiria depois”, explica Carlos Alex, maior incentivador da carreira do primogênito. “Mas vai a família toda, até porque ele tem um irmão que é super apegado a ele e nós achamos que ele precisa desse apoio no início”, conta.

Os documentos para ser registrado junto à federação mineira já estão nas mãos do jovem jogador. O próximo passo é planejar a vida fora de Natal, depois de mais de um ano de ansiedade. Em janeiro ele viaja para disputar uma competição. A partir de março, estará de vez na cidade na busca do seu sonho. 

Ansiedade, inclusive, que quase “mata” o pai do coração no dia da notícia da aprovação. Em todas as viagens a Belo Horizonte, Carlos Alex acompanhou o filho. Na última e decisiva, em outubro passado, Caueh pregou uma peça quase sem querer no pai.

“A gente treinou normal. Depois, ele chamou o nosso grupo e disse que nós éramos a equipe de aprovados. Eu só não gritei porque estava na frente do treinador. Mas ele avisou que a gente só poderia falar no final do treinamento”, conta Caueh.

Enquanto isso, o pai, Carlos Alex, acompanhava o treinamento por cima do muro com os outros parentes dos atletas - eles não poderiam acompanhar o trabalho dentro do local. Assim, não tinha muitas informações do que acontecia. Por isso, ao final da atividade, procurou o filho, que, tranquilo, conversava com os novos colegas de equipe. 

“A gente recebeu a informação que dos 50 que estavam lá, 25 seriam escolhidos. A gente viu que o professor separou os grupos, mas não sabíamos de nada”, relata Carlos. 

“Duas horas depois, vem esse 'cidadão', despreocupado, enquanto eu estava em tempo de morrer do lado de fora. Os meninos que não foram aprovados saíram primeiro. Era uma cena triste: eles abraçavam os pais e os avós chorando. Eu naquela agonia e o Caueh saindo super tranquilo”, conta.

O filho só fez entregar o documento de federação ao pai. “Depois eu saí e fui conversar com meus amigos. Ele chegou, olhou o papel e perguntou: ‘o que é isso?’. Eu respondi: ‘É a ficha de federação’”, lembra Caueh.

Volante e modernos 

Caueh tem 12 anos de idade e atua como volante. Mas tem estilo moderno. Joga de maneira ofensiva e chegou até a ser vice-artilheiro da Taça Danone, campeonato internacional que aconteceu no Rio de Janeiro neste ano, em que a Seleção de Natal ficou com a terceira colocação na categoria.

Os ídolos do jogador são da posição e peças importantes no 7 a 1 da Alemanha em cima do Brasil no Mineirão. “Me espelho muito no Bastian Schweinsteiger”, diz.  Além do ex-volante do Manchester United, ele tem como referência outro alemão da posição: Toni Kroos, do Real Madrid.  No Real também está seu maior ídolo atual no esporte: Cristiano Ronaldo.

Com a camisa 5, Caueh se destaca não só pela marcação, mas também pela forma como chega ao gol adversário, com chutes de fora da área. Além disso, cobra faltas e pênaltis na sua equipe. No Cruzeiro, assim que chegou, no entanto, foi testado em uma nova posição.

“Eu jogava como volante até eu ir para o Cruzeiro. Eu comecei como atacante, mas lá no Cepe [onde iniciou a carreira aos 7 anos], o professor Fabinho me colocou como volante e gostou. Nessa última ida ao Cruzeiro, o treinador me colocou pra jogar como zagueiro, gostou,  e me deixou todos os treinos jogando na posição”, conta Caueh, que acredita que essa será sua nova função no clube mineiro.
“No vestiário, ele deu tipo uma indireta: tem alguns meninos aqui que não estão jogando em suas posições, mas, além de produzir mais pra mim, vão se sair melhor nessas posições pelas necessidades do time”, conta. Por isso, passou a treinar os últimos meses em Natal como zagueiro.

O mais curioso da história é: apesar de ter sido disputado por Santos e Cruzeiro e chegar ao clube mineiro depois de um monitoramento longo de um ano e meio, ele nunca sequer foi sondado por ABC ou América, clube do coração do garoto.  Agora, tenta construir sua carreira, assim como outros nomes do estado, sem ter começado profissionalmente num clube potiguar. “Os caras só querem pegar o menino com 16, 17 anos de idade, próximo de subirem pro profissional”, se indigna o professor Carlos Alex. 

Hoje Caueh se mostra agradecido à oportunidade e ao apoio da família, que “comprou” a ideia do seu sonho, que começou a ser desenhado aos 7 anos de idade pela “tara” do garoto pelo futebol. Seis anos depois, ele já se vê num gigante do futebol brasileiro. 

As viagens, a estadia em Belo Horizonte, tudo até agora foi bancado pelo próprio pai. Ou “paitrocinador”, como se apelida. A partir de agora, ele terá outra realidade. Registrado junto à Federação Mineira pelo Cruzeiro, o jogador terá a rotina diária de treinos, como um atleta profissional, mas contará com uma mega estrutura.

“Ele treinará todos os dias em algum período. No outro, ele terá o curso de inglês oferecido pelo Cruzeiro. E a noite ele estudará num colégio que fica dentro da própria Toca da Raposa, além de o clube oferecer seis refeições diárias”, conta Carlos Alex. “Quando eu olhei pros campos que eu ia jogar... É incrível, incrível”, elogia Caueh.
“São quatro campos profissionais, a grama estupidamente bem tratada. Eu fiquei uns 10 minutos admirando na primeira vez que fomos. Que realidade”, conclui o professor Carlos Alex.
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