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VÁRZEA: A TERRA PROMETIDA

VÁRZEA: A TERRA PROMETIDA
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Autor: Ludugero, 09/02/2009.
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Hoje eu bebi licor
de jenipapo
saí pelas ruas da minha Várzea
observando cada canto,
cada canteiro
eu vi as crianças a brincar
nas ruas de São Pedro
eu parecia estar num verdadeiro paraíso.
Quando?
hoje mesmo, depois do licor de jenipapo
Portanto, não me ofereça outro paraíso que não esse.
Na minha Várzea a andar para cima e para baixo
queria outra coisa não, é o que quero.
quero estar à toa, sem rumo,
a esperar o dia parir o sol,
sentir a minha pele tostar
sob o amarelo sol varzeano.
Não me ofereça o infinito:
eu quero apenas o seixo da estrada,
da minha Várzea,
quero a flor do marmeleiro,
o cheiro do mato, a estrada de terra,
quero andar descalço e levantar poeira,
até me confundir na poeira.
Quero todas as formas
e amanhã ser informe.
Eu quero ser lajedo, quero ser lagoa,
quero as pedras no caminho
isto sim, sei das topadas, dos calos,
do estrume dos currais.
Não me iludo com as coisas vãs
nem com as miragens do caminho.
Mas sempre estarei pronto para me levantar,
depois da vertigem do licor de jenipapo.
Tenho cicatrizes e marcas
das quais aprendi a gostar.
As cicatrizes contam histórias
que gosto de escutar:
me reconheço nelas,
e choro e canto e fico contente.
quando a lua me estampa um sorriso na boca da noite:
ali sou eu quem sorri,
alegre e satisfeito derramado no colo
da minha mãe Maria, estrela da minha vida inteira,
estrela vésper, estrela matutina, estrela Dalva.
Eu não tenho medo de caminhar, caminhar
hoje eu olho para o céu e vejo um caminho de estrelas.
Eu não choro a tristeza,
porque muito além de todas as coisas,
sonho que sou o seixo, a estrela que risca o céu
na escuridão da via-láctea,
E assim sou uniforme, estrela cadente,
feliz por ter nascido e reluzir,
sou feliz por ser apenas esse simples candeeiro
no altar da vida.
Obrigado, Pai de todas as coisas,
por ter me dado a chance de brilhar
nem que seja um pouquinho nessa minha passagem!
Obrigado, por estar aqui
e ter uma Várzea inteira no meu coração!
Isto sim é que beleza:
o resto é poeira que o vento sacode
pelos redemoinhos da tarde nas encruzilhadas,
nas curvas do rio Joca,
nas águas efêmeras do riacho
da saudade, água salobra.
Obrigado, Deus pelo meu Varzeão!
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VNT Online, postado em 01/03/2009
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Beto Bello

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