JOÃO-TEIMOSO

JOÃO-TEIMOSO
Autor: Ludugero, 13/04/2009.
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Menina varzeana,
quero que saiba de uma coisa:
não pense nunca que fico prostrado,
que permaneço a chorar o azeite derramado, ou o leite
que apenas cambaleio diante dos sãos-seus fartos seios
não é isso não, apenas fico zonzo,
encho as mãos na fonte da beleza,
fico teso, de pires na mão, fico tonto
mas não me turvas a visão,
sou como um gato no parapeito da janela,
se me chamas, não tenho dúvidas,
eu me atiro com certeza. Duvidas?
Sei que vale a pena a sorte ou a morte,
se é para morrer no teu leito de delírio!
Princesa varzeana,
quero me enfiar em tua teia, ser teu momento presente
mesmo que seja numa instantânea ceia
mesmo que seja de rotinas-burgos,
nunca vida nunca murcha em trajetos-fios, desafios
és como uma mola que não me enforca, nem sufoca
sou tal qual um João-teimoso enroscado tenso, denso,
me mantenho de pé, me levanto, me envergo, me ergo,
não te deixo fugir do sonho, do acordado devaneio
observativo, eu me despertenço disso,
avanço em teu busto sem susto, sem muito pensar
justo porque me entrego em (res)sentido contrário,
na tua boca carmim-carnuda, toda sedenta e astuta
teus lábios acesos que me procuram, nervosos e afoitos
de horizonte em despediço, vogas-vieses várias, enfureço
perfazendo um desatalho arrebentado de naufrágios-giros!
Menina-Varzeana,
morena que me faz pecar,
quero que saibas de uma vez por todas,
e que nunca ouses esquecer disso:
que só faz sentido viver a vida,
só se for pra morrer em teu doce deleite,
ávida atrevida menina-desejo,
traga-me teu céu agora mesmo
ou me deixe queimar no purgatório!
Menina varzeana:
pecado mesmo é te ver e não te querer
pecado mesmo é não te amar!