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E QUANDO CHEGA O CREPÚSCULO...

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E QUANDO CHEGA O CREPÚSCULO...
Autor: Ludugero, 20/07/2009.
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Lembro-me de que o amor tinha olhos azuis, olhos de água, de azul-piscina. Olhos de se querer neles mergulhar, de se afogar de paixão, profundamente. Olhos de sorrisos quase cúmplices. Às vezes, esquecia do tom de sua voz, das linhas do seu rosto, do seu espaço frente a mim, mas não do olhar. De fato, o amor tinha olhar de "navegar por rios nunca dantes navegados". E navegamos muito, até que sentimos o rio Joca ficar um tanto saturado, para ambos, afinal, este rio é um rio de águas salobras e seu curso é efêmero, ele seca, não é um rio perene, mas volta a encher com a estação das chuvas.
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Eu sentia que respirava naquele olhar. O amor se ria de mim, quando eu ria daquele sorriso azul de céu, de firmamento - e quando ria, seus olhos ficavam puxados. Quando ria e seus olhos ficavam puxados, era como se valesse a pena o instante congelado, como se o tempo parasse numa falha, a me puxar para o clímax da vida bem vivida. E vivemos cada momento, cada instante, intensamente!
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Noutro dia acordei diferente, eu passei a ficar mais em silêncio, calado. Então, o amor passou a questionar meu silêncio. Meu silêncio não se explica: nasce da simples necessidade de eu não dizer nada - seja porque nem sempre as palavras revelam o sentimento, seja porque calar é o que sei fazer melhor, seja porque a quietude pode falar por si. Mas o silêncio sempre incomoda!
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E todo aquele azul, de repente, como num passe de mágica, num fim de tarde escapou dos olhos do amor, um dia. Fugiu para algum espaço entre nosso abraço, que era agora cortado pelo vento. Calei-me, mais por medo que por vontade. Que janela de indiferença abriu-se entre nós? Não sei.
Desacelerei . Vou seguir os passos do silêncio, ainda que me questionem. Mais falo quando calo. Se não ouvem, o que fazer? Não vou cobrar de volta o sentimento, não tentarei comprar sorrisos, não vou devolver palavras que me foram entregues quando os dias pareciam mais coloridos. Isso não vou fazer. Não quero agir assim por impulso, por pena, nem do amor nem de mim.
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Talvez eu tente usar um 'band-aid' no coração, pra disfarçar. Até que o tempo venha e cure tudo. Quero apenas as cicatrizes, estas não quero apagar, nem com plástica. Guardarei como relíquias, as minhas cicatrizes no corpo e na alma. Eu quero acreditar e continuar a minha descoberta. Ainda não estou expirado. Talvez, pirado sim, expirado, ainda não!
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Por derradeiro, não esqueço as minhas raízes, eu sou varzeano e ainda acredito que melhores dias virão!
Quem sabe, pinta um novo Amor...
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Beto Bello

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