autor: João Ludugero
a minha infância foi boa
dela não sei reclamar
não reclamo
não reclamo
por que fui feliz
com os passarinhos
com os passarinhos
percorri a nua Vargem
conheci de perto o Vapor,
o sítio e seus semi-áridos
o sítio e seus semi-áridos
caminhos
senti o cheiro do mato
pisei em terra molhada
comi gravatá, cajá-manga
manga, mangaba
jatobá e jenipapo,
manga, mangaba
jatobá e jenipapo,
além de outros frutos
espalhados
pelas trilhas agrestes
pelas trilhas agrestes
aonde corríamos sem medo,
serelepes,
eu e outros
cabras da peste
fugia pra tomar banho
Com os amigos, ou sozinho
bem ali na cachoeira dos Damas
bem na cheia do rio Joca,
ou no riacho da Cruz
chupei muito caju
tirado no pé a gosto
ao alcance da mão
arregacei as mangas
ao alcance da mão
arregacei as mangas
trepei no pé de coco
comi coco catolé
comi coco catolé
ralado na própria quenga
bebi muita água de coco verde
ali no Maracujá,
terra de muita pitanga,
graviola e tamarindo
andei pelos ariscos
de Virgílio, dos Marreiros
visitei o Itapacurá das pitombas
junto com Picica de Xinene
e Quincas de Pedro Zabé
e Quincas de Pedro Zabé
armei fojo pra preá
armei arapuca
armei alçapão
armei laços
lá com meus anzóis,
pesquei com landuá,
tintim por tintim,
dei de cara com os carás
dei de cara com os carás
enchi meu samburá
lá no rio de Nozinho
Aqui uma poesia que retrata bem o varzeano, cabra da peste, corajoso e potiguar de muita fibra. Valeu poeta! Sua poesia está cada vez melhor a retratar o cotidiano da nossa gente tão hospitaleira e destemida. Abraços,
ResponderExcluirJansen
QUE POESIA MARAVILHOSA, SIMPLES, POLIDA, IMENSA! ADOREI. ISSO DÁ GOSTO DE LER E REPETIR MUITO. POIS É PURO SENTIMENTO. ADOREI.
ResponderExcluirATT,
HÉLIO.