PARADEIROS II
autor: João Ludugero
se olhares e não me vires,
procures-me em qualquer lugar
onde eu possa estar
a viver-te mansamente
na saudade de ti ver
procures-me por perto
das duas palmeiras
sob o olhar de São Pedro
no topo da igreja, no alto
ou a atravessar a Brasiliano Coelho
indo por uma rua ou cortando um beco
pode ser que por lá, eu esteja a admirar
tua beleza, que corre longe, léguas e léguas
pelos trapiás, pelos gravatás, a banhar-me
nas águas dos lajedos, nos Seixos
pelos vertentes ariscos do agreste,
muito além das quatro bocas
procures-me nos ventos do Vapor
quem sabe eu seja aquela brisa
que te acaricia o corpo na subida
do açude do Calango,
a fazer tua caminhada de costume
no meio da tarde amena
ou em altas horas
numa madrugada quente
embaixo do pé de graviola
ali de frente à casa de Seu Odilon
procures-me no sol da manhã
que seca as gotas de orvalho
no capim da Vargem onde tudo começou
é bem provável, antecipo, seguramente,
que eu possa ser o calor que sentirás
quando a saudade te aparecer sem avisar,
apertando o peito como uma moenda
de cana-caiana a jorrar garapa pelo chão
a lambuzar o bronze da tua pele
ou quem sabe serei o suor que percorre
teu rosto quando caminhares pelas areias
do rio Joca, ardendo de desejo e sede
de tanta vontade de me matar depressa
de cheiro no cangote, quando passeias
por esse solo fértil de tantas alegrias
mas, se tu olhares e não me vires,
não chores, não te desesperes à toa,
não te desanimes nem percas o prumo,
não canses assim tua beleza, meu amor,
observes ao teu redor, de certo acharás o rumo,
procures-me no cerne do teu coração varzeano,
estarei lá, com absoluta certeza!
LINDO POEMA, MARAVILHOSO DEMAIS! ADOREI ESSA POESIA, TUDO DE BOM... O MODELO TAMBÉM AJUDOU.
ResponderExcluirVALEU GENTE!!! QUERO MAIS! ABRAÇOS,
ZEZÉ
AHHH, QUE BELEZA! ISSO É QUE É POEMA!
ResponderExcluirADOROREEEEEI.
BJS.
LÚCIA