VÁRZEA: A FORÇA QUE BROTA DA TERRA

Autor: João Maria Ludugero

Para alguns pode parecer bobagem, 
Mas para mim foi encanto.
Fui ao roçado ali no Vapor 
Às margens do rio Joca.
E vi que minha plantação 
De feijão e milho vingou.
Sei que há muitas flores belas 
Espalhadas pelo mundo,
Sei que as flores de feijão e milho 
Podem não ser as mais lindas.
Mas achei de muita beleza, que só vendo! 

As flores salpicadas nos pés de feijão
E os pendões do milho beijados 
Pelo vento do Vapor.
Senti-me gratificado em puder ver
Meu roçado se levantar 
Com tanta força verde,
Embalando a alegria em forma 
De cordas de feijão,
Além das possantes bonecas de milho
De cabelos amarelos e encarnados,

Sem contar com a belezura dos pés

De jerimuns e das melancias.
Meu roçado é um belo gesto da Várzea.
É mesmo uma dádiva de Deus.
É de lá que vou tirar o feijão e o milho
Que vão me servir de sustento.
E eu não sou mais um pobre homem
Que vive atrás de uma campinadeira
Ou de um arado: Sou um rico lavrador
Da minha amada Várzea das Acácias,
Que nunca me deixou de mãos vazias,
Graças a Deus!
Portanto, agradeço a intercessão 
De São Pedro apóstolo
Pelo milagre do feijão, pela farinha 
Pela batata,  pelo cuscuz,
Pelo pão nosso de cada dia!