
Autor: João Maria Ludugero
E se só restou o roçar das folhas caídas
espaçadas ao chão ao sabor do vento
pela solidão da rua
calçada de paralelepípedos.
E se só sobrou bater o silêncio
de uma vaga calha ao limo
que não se cansa de gotejar.
E se só ficou para contar
uma história fria,
que se perdeu numa noite longe
no esfumaçar de uma bucólica chaminé
de uma vaga calha ao limo
que não se cansa de gotejar.
E se só ficou para contar
uma história fria,
que se perdeu numa noite longe
no esfumaçar de uma bucólica chaminé
que se diluiu nas nuvens imaginárias
dos carneirinhos e outros bichos
que não se firmaram nas estrelas
que não se firmaram nas estrelas
que nem verrugas nos deram nos cotovelos
por denotada ausência das contas
dos pedidos que esquecemos de fazer.
E se só se retratar a mesma paisagem,
o mesmo papel de parede que descoloriu
sob a mesma ladainha de sempre.
Não careço mais desfrutar
daquela paz de soníferos
daquele canto debatido,
da nota monótona de uma melodia
Que se esvaziou junto com a pilha
sob a mesma ladainha de sempre.
Não careço mais desfrutar
daquela paz de soníferos
daquele canto debatido,
da nota monótona de uma melodia
Que se esvaziou junto com a pilha
da rádio que se perdeu no ar da estação.
Porque ainda improvisar ou fingir afeto,
avençar o que não mais temos,
avençar o que não mais temos,
Nem mesmo ficar por ficar
de mãos dadas com a ilusão do outro,
parecendo mais que
resignados irmãos siameses,
E ainda mais que não nascemos
resignados irmãos siameses,
E ainda mais que não nascemos
com vocação para o incesto.
Insistir no que acabou
Insistir no que acabou
só nos deixaria ainda mais
a vista cansada, só
a vista cansada, só
os músculos exaustos, só
os lábios secos e calados, só
as mãos calejadas, só
os dedos dormentes, só
para tentar decifrar o adeus,
rejuntar os pedacinhos, os cacos
os lábios secos e calados, só
as mãos calejadas, só
os dedos dormentes, só
para tentar decifrar o adeus,
rejuntar os pedacinhos, os cacos
do injustificável 'acabou-se',
o fim de um amor que jaz aqui,
o fim de um amor que jaz aqui,
que se ausentou, e não mais volta.
Talvez para dar lugar a outro
Talvez para dar lugar a outro
que nos espera mais adiante,
quiçá bem se querendo mostrar
a partir de dentro de nós mesmos:
a partir do tal amor próprio
querendo antes do ter - mais ser,
antes que, emoldurado,

venha a se tornar do/ente.
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