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EU SOU FILHO DA VÁRZEA!, por João Maria Ludugero


EU SOU FILHO DA VÁRZEA! 

(Texto elaborado para a abertura da XXXII Semana da Cultura/Várzea-RN) (Autor: João Maria Ludugero, poeta e escritor varzeano) 

Nasci nesta linda e pequena cidade potiguar. Vim de uma família de um povo humilde, sofredor, batalhador e sonhador. Trago heranças culturais, marcas que só o meu povo tem como uma identidade. Sou varzeano! Sou devoto de São Pedro! Desde cedo trago no olhar belas paisagens, pássaros voando num céu azul e encantador. E pensar que tudo isso é meu, que sou humilde, mas me sinto tão rico que nem me dou conta. Sou varzeano, quero viver e amar esta terra linda! Hoje sinto emoções que me fortalecem. Quero abraçar o meu povo. Quero sentir esse cheiro bom, que me faça sentir em casa. Quero sentir este chão que me pertence, esta 'varzeanidade' que me fortalece, esse amor que me faz viver. Quero abraçar minha cultura, bater uma bola na "Vargem", jogar meu amistoso futebol, aboiar minha cantiga, toada de rica e bela cultura, dançar no boi-de-reis, animar o João-redondo, o pastoril azul e encarnado, a lapinha, brincar no folclórico folguedo, entrar nas festas de apartação, nas vaquejadas, tudo isso que Várzea tanto tem a me oferecer. De ver essa alegria imensa que só o meu povo tem.

Várzea, minha terra-mãe. Linda, com uma beleza única, com uma cultura sem igual. És bela, única, és esplêndida, amada com uma beleza incomparável, apesar de toda simplicidade. Quero muito poder te sentir, viver tuas tradições, resgatar minhas raízes! Várzea, és terra-mãe que nunca desamparaste um filho. A nossa terra é abençoada por Deus! As suas noites são mágicas! O seu entardecer é brilhante! Quero viver em ti, sentir o teu calor!

Não sei se me encanto com a tua humildade ou simplesmente me envolvo com a tua grandeza que me torna um ser de coração gigante. Obrigado, minha Várzea! Meu mundo de cheiros, cores e sabores, a minha terra, meus valores, meus doces sabores do riacho do mel, não há outra como ela! A terra do cheiro das pipocas, pamonhas e canjicas, cocadas, batatas-doces, jerimuns, beijus e tapiocas, das quentes farturas, dos bolos pretos, pés-de-moleque, das raivas e dos carrapichos e porque não dizer Várzea do tutano, das tripas e das passarinhas fritas, dos queijos de coalho, das manteigas de garrafa, das farofas, dos torresmos e das buchadas de cabritos. Sem esquecer das farinhadas, da galinha caipira torrada lá nos Seixos. Ai que boa sensação! Nada melhor para aquecer a alma e o coração! A terra dos maracujás, umbus, cajás, das mangas dos ariscos dos cajueiros e das pitombas dos ariscos e do Itapacurá!
Quem da minha Várzea sai, só pensa em voltar! Gosto de falar de ti e tenho orgulho, da terra que nos viu nascer. Escuto um sonoro badalar. De onde será o sino que badala as horas? É o sino da Igreja-matriz do padroeiro, é o do São Pedro Apóstolo? Sons quebram o silêncio das ruas. O tempo derrama a saudade e molha o peito da gente com água dos olhos. Minha Várzea, aonde quer que eu vá, logo volto pra cá. Nasci nas asas do teu embrião. Enterrei meu umbigo lá na beira do açude do Calango. Bebi das suas águas, cresci, deixei o meu coração enraizado aqui. Sou livre, contigo aprendi a ter a liberdade de um bem-te-vi.

Esta minha cidade foi construída com amor e suor. Bendita terra de Ângelo Bezerra (seu fundador), terra de Minervino Bezerra, Genésio Coelho, José Anacleto, que aqui chegando, atraídos pela boa qualidade da terra, deram início às primeiras edificações do povoado. E Várzea somos todos nós: Mulatos, Quilaras, Marreiros. Belos, Carvalhos, Florêncios, Rosas, Bentos, Pegados, Oliveiras, Teixeiras, Paulinos, Tomaz de Lima, Silvas, Caicos e de quem mais chegar dentre outros que aqui decidiram 'VarzeAmar'? Lugar melhor no mundo para mim, não há. Várzea, a vida no teu seio é mais ampla. Para eu ser completo, deixa-me te contemplar. Nossos campos têm mais árvores verdejantes, Nosso céu tem mais estrelas cintilantes. Deus iluminando os lares, purificados ares, templo dos meus amores. Isto é VÁRZEA, MEU LUGAR. Aonde eu estiver, voltarei pra te ver, viver e morrer, Minha pequena, de traços marcados de beijos molhados, de tardes morenas!

Fundada então por Ângelo Bezerra, Várzea nasceu forte, impulsionada pela prosperidade na agricultura e pelo bom desempenho na pecuária. Durante toda a primeira metade do presente século, o povoado, pertencente ao município de Goianinha, manteve um crescimento gradativo, baseado nas atividades do campo. Somos nós dentro da História, dentro da cultura. Já dizia Bob Marley: "Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes". O céu estende-se, de mim até onde os olhos chegam. Os cheiros chegam a mim (não sei de que flores), são tantos! Os verdes misturam-se com a cores da Várzea:
Faço meu ofício
Fujo do ócio
Faço mais ponte que cerca
cavo buraco, escavo
aprumo estacas,
estico arames
com pé de cabra,
abro vãos, farpas e portas
acerca de novas esperanças,
porteiras e cancelas...
abro janelas para a luz entrar
estico a alma no varal, no curtume
encharco a carne sob o sol amarelo,
trago o sal iodado pra encarnar amores
e lenços para secar o suor da face
e as lágrimas do rosto sob o Vapor
ao tirar meu coração da cruz
pregado na saudade voraz...
prego que prego grampos no mourão
mergulho fundo lá no Retiro de Seu Olival,
a tanger meus bichos,
Amanso gado bravo a beber água
lá no açude do Calango,
só pra matar a sede da saudade.
Em troca peço muito pouco:
quero apenas a sombra do cajueiro
quero cercar-me de flor e colibris
quero um cajueiro em flor,
flor-essência, quero maturi.
Quero colher o dia
e ser colhido no carinho
feito manga madura no pé
Quero apanhar caju e castanha
de manhãzinha, lá nos Seixos
basta me dar leite azedo,
rapadura, feijão e farinha de mandioca
e uma hora de rede na tarde amena
deitado à sombra do meu pé de graviola.
Na verdade, peço muito pouco:
Careço de nada mais não!
Dê-me coalhada todo santo dia,
que eu cerco o mundo
num instante, ligeiro,
pros bichos não se perderem
lá da minha terra prometida,
a minha Várzea das acácias!

Ainda bem que temos a nossa Várzea, banhada pelas águas do salobro rio Joca, donde, ao findar a tarde, tem um pôr-do-sol exuberante. Terra-mãe deste poeta que te versa em cântico, e, não te esquece, mesmo estando em Brasília. Em cada esquina de tuas ruas e praças há magia. E nos teus espaços, vês nascer novos amores. Mavioso encanto e inspiração nas melodias...És para mim uma das mais belas flores. Enamorado, apaixonado, te declaro: que infinito é o que tenho no coração. Como poeta, nos meus versos deixo claro.Todo o amor por ti, com tamanha alegria: Minha Várzea das Acácias!
Sou João Maria Ludugero da Silva, Advogado, Escritor e Poeta varzeano, Filho de Seu Odilon e de da inesquecível dona Maria.


Parabéns, Várzea! Parabéns ao seu povo guerreiro, aos pioneiros, aos descendentes daqueles que ajudaram na construção deste belíssimo município, parabéns à classe política, parabéns a todos os comerciantes, aos agropecuaristas, dos fazendeiros aos mais simples agricultores, parabéns a todos aqueles que escolhem Várzea para se divertir e para viver; parabéns ao povo varzeano, parabéns a minha Várzea das Acácias, parabéns pela sua rica História, parabéns extensivos à ilustríssima Professora Gabriela Maurício de Pontes e a todos que fazem brilhar a XXXII Semana da Cultura! FELIZ CIDADE, VÁRZEA!
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João Maria Ludugero

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