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PRIMA VERA, por João Maria Ludugero

Brincando, ela me tirava do sério

Chamando-me pra brincar de fugir do tédio 
De correr pela capoeira até chegar ao Vapor,
E escorrer, afoitos a escorregar 
Num banho de bica lá no rio Joca.
Ela moça, linda, morena, brejeira
Cheirando a doce de leite, airosa,
Tão bem vestida de chita, cabrita,
Tão bonita minha prima Vera,
Tão gata, gaiata, manhosa, 
Turbinada, com um decotão 
Desses que valha-me Deus!
Dava para ver o umbigo de fora
E me deixava de joelhos a rezar, 
Sem pecado nem juízo, contrito, 
Mas, justo eu que nunca fui santo,
Não me cansava de dançar ao vento, assanhado,
Com a brisa na cara, com gosto de ser contente,
A uivar meus sonhos acordados de moleque, 
Louco por roubar um beijo desses de acender
Bundas de vaga-lumes e estrelas, 
Vendo a prima vera solta a cirandar só pra mim,
A pagar peitinho esquerdo, à torta e à direita...
O danado a escapulir e ficar com o bico 
Todo de fora do benevolente decote.
E o sol aureolado, ao lusco-fusco a se deitar na tarde amena,
Enquanto eu, bobo que só vendo, queira acreditar! 
Deleitando-me, doido pra ver aquilo tudo fora do lugar.
E, por derradeiro, meus olhos agradecidos 
Haja vista aquilo tudo ter valido a pena... 
E como valeu a graça de ter perdido a compostura.
Não tem preço nem vergonha essa dádiva.
Só arrependimento tarde é que perde a validade!
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João Maria Ludugero

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