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LEMBRANÇAS DE UM FLAMBOYANT

LEMBRANÇAS DE UM FLAMBOYANT
Autor: Ludugero, em 02/02/2009.

Autor: w
Ainda hoje,
quando acordo
cedo ouço um grito
a cortar meu silêncio,
como um salmo a invadir
o antigo rumor de mãe Dalila,
minha avó paterna,
que era mesmo uma senhora
tão simples e tão sábia,
tão rica e modesta.
w
Basta olhar para as árvores do tempo,
para as palmeiras de São Pedro padroeiro
que me lembro das missas aos domingos
Minha avó a empunhar seu poderoso
terço de contas azuis
que na minha memória
passa como um filme
que gravita entre o vazio
e a folhagem densa da história
A lembrança da primavera
que havia na praça central
nos canteiros em flor
de Maria Orlanda
de seu Nestor
ali na rua José Lúcio Ribeiro,
conhecida como rua grande,
Ali mesmo onde brotava
um lindo
e majestoso flamboyant alaranjado,
para entender o modo como as formas
semeiam na consciência a poeira fina de saudade
uma saudade que ficará para sempre
parecendo argila vermelha
a esvoaçar no redemoinho do tempo
a nos trazer no rosto a rosto,
no dia a dia
o horizonte quase perdido
daquele tempo
tempo de pardais, tempo de quintais,
tempo dos exuberantes hibiscos rosas dobrados,
que enfeitavam o andor de São Pedro na procissão,
tempo em que homens e mulheres
entoavam cantigas sem pressa
de ninar gente grande, orações e ladainhas
tempo de fé e de brados abençoados
Eta, tempinho bom demais da conta
que a memória não esquece
E tudo era tão simples,
religiosamente divino
tão varzeano
o nosso jeito de ser e viver!w


VNT Online, postado em 08/02/02009
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Beto Bello

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